“Eu julgo que o PS, neste caso, se associou ao Chega. Tenho pena de dizer isso, mas eu acho que fizeram uma coligação negativa, PS com Chega, para pressionar o governo eventualmente a não apresentar o seu programa, mas nós vamos apresentar o nosso programa”, afirmou Artur Lima aos jornalistas à margem do lançamento da primeira pedra de uma empreitada de construção de 13 habitações na ilha Terceira.

A coligação PSD/CDS-PP/PPM, que governa a região desde 2020, venceu as eleições no dia 04, mas elegeu 26 dos 57 deputados da Assembleia Legislativa, precisando de mais três para ter maioria absoluta.

O presidente do PSD/Açores e líder da coligação, José Manuel Bolieiro, anunciou, na noite eleitoral, que iria formar um governo com maioria relativa, sem acordos com outros partidos.

Na sexta-feira, o presidente do PS/Açores, Vasco Cordeiro, disse que o partido, que elegeu 23 deputados, iria votar contra o programa do Governo de coligação.

Já o líder regional do Chega, José Pacheco, insistiu que o partido, que conta com cinco deputados na Assembleia Legislativa dos Açores, só estará disponível para viabilizar o programa do Governo se integrar o executivo e se CDS-PP e PPM ficarem de fora.

Questionado hoje sobre as declarações dos líderes dos dois maiores partidos da oposição, Artur Lima lamentou que o PS, partido “fundador da democracia em Portugal e fundador da autonomia” dos Açores, tenha assumido uma “posição radical”, que “combina” com a posição do Chega.

Quanto à exigência de José Pacheco de que CDS-PP e PPM ficassem de fora do executivo açoriano, o dirigente centrista respondeu que “é a primeira prova de quem não tem o mínimo respeito pela democracia e pelos seus adversários”.

“Esta coligação foi a votos, é uma coligação democrática, feita entre partidos democráticos, que se entenderam em 2020 para terem uma alternativa não socialista, que vigorava há 24 anos no parlamento. Essa afirmação desse senhor é antidemocrática e nós não aceitamos, rejeitamos na totalidade essa afirmação”, acusou.

O líder regional do CDS-PP insistiu que a coligação tem condições para formar um governo minoritário e alertou para o perigo de a região ficar um ano com um executivo em gestão.

“Não há acordos com ninguém. O senhor presidente já anunciou, faremos um governo minoritário. Levaremos um governo minoritário à Assembleia, quem quiser aprovar, aprova, quem não quiser, vota contra. Nós somos pela estabilidade”, avançou.

“Atenção que os Açores podem estar, se o governo cair, um ano em gestão e isso não é bom para a economia, não é bom para as famílias, não é bom para ninguém. Agora, cada um assumirá as suas responsabilidades”, acrescentou.

Questionado sobre se voltará a assumir a pasta da vice-presidencia num segundo governo da coligação, Artur Lima disse que cabe ao líder do PSD decidir a configuração do executivo e anunciá-la, mas admitiu ter “vontade de continuar a trabalhar em prol dos açorianos em qualquer pasta”.

No lançamento da empreitada de construção de 13 habitações na freguesia de São Brás, manifestou-se confiante de que o executivo da coligação estará em funções aquando da sua inauguração.

“Acredito que daqui a um ano vai ser o governo da coligação a inaugurar estas casas. Quem as vai inaugurar eu não sei, mas de certeza que é o governo da coligação e de certeza que eu também estarei neste governo”, afirmou.

O representante da República para os Açores ouve os partidos com assento parlamentar na segunda e na terça-feira, antes de indigitar o próximo presidente do Governo Regional.

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