“Não há linhas vermelhas, mas também não há acordo para ninguém. O ADN vai só. Os votos que obtiver são votos no ADN”, disse o candidato em entrevista à agência Lusa, para logo reforçar: “Se, eventualmente, após as eleições fosse necessário um deputado [para viabilizar uma maioria] e fosse chamado o ADN para acordo, o ADN ia dizer que não, seja PS, seja PSD”.

Miguel Henrique Silva Pita, também coordenador do Alternativa Democrática Nacional (ADN) na região autónoma, explicou que o objetivo é melhorar a votação face às últimas eleições regionais, em setembro de 2023, nas quais o partido foi o menos votado em 13 candidaturas, obtendo 617 votos (0,47%) num universo de 135.446 votantes.

“Seria uma honra ser aqui na Madeira o primeiro assento parlamentar do ADN”, disse.

O cabeça de lista, que tem 51 anos (nasceu em 27 dezembro 1972) e é gerente hoteleiro, considera que a crise política que motivou a queda do executivo PSD/CDS-PP poderá beneficiar os partidos mais pequenos nas eleições antecipadas, num total de 14 candidaturas, mas também destaca que o programa eleitoral do ADN é “muito acessível”.

“É um programa um pouco mais de direita, mas também não é extremista e os assuntos são inovadores. Ou seja, eu não vou na senda igual em que todos os partidos vão batendo, que é a corrupção, o ferry [entre a região e o continente], isso torna-se depois muito cansativo”, disse, vincando que vai abordar “temas inovadores”.

“Nós costumamos dizer que o ADN é um partido visionário”, reforçou.

Natural da freguesia de Santa Luzia, no Funchal, mas residente no concelho da Ribeira Brava, na zona oeste da Madeira, Miguel Pita destaca as propostas do ADN nos setores da saúde, turismo e habitação, vincando, por outro lado, que o partido é humanista e quer “proteger a todo o custo” os direitos, liberdades e garantias previstos na Constituição.

Para o candidato, o setor da saúde continua a ser o “calcanhar de Aquiles” da região.

“Por muito que se diga que a saúde está bem e por muito que se prometa milhares de cirurgias, o que se nota é que as pessoas não estão a conseguir ter acesso aos médicos, às consultas, aos exames”, alertou.

O ADN propõe a criação de um mecanismo que permita aos utentes consultar a sua posição nas listas de espera e defende a revisão da parceria público-privada para tornar o acesso à saúde mais eficaz.

No turismo, um dos setores mais importantes da economia regional, Miguel Pita alerta para a necessidade de ordenar e disciplinar o acesso aos locais mais procurados, onde se geram diariamente grandes congestionamentos, e defende que não deve haver qualquer tipo de descriminação entre turistas e residentes.

Por outro lado, levanta algumas preocupações sobre a aplicação da taxa turística, que deverá começar a ser cobrada este ano em todos os municípios da região.

“As taxas turísticas são importantes, mas são muitos milhões de euros que estão ali e tenho receio que caiam nas mãos erradas, sejam elas Governo, sejam elas os municípios, porque muito dinheiro não vai ser aplicado onde deveria ser”, disse.

Miguel Pita, que antes de aderir ao ADN, em 2022, foi militante do Chega, alerta também para o impacto do crescimento do alojamento local no setor da habitação.

“O problema está em que qualquer pessoa que tenha um apartamento ou uma garagem torna aquilo em alojamento local. Banalizou-se o alojamento local e começaram a faltar [casas] para nós”, advertiu.

O candidato do ADN considera que as eleições antecipadas são uma oportunidade para os madeirenses avaliarem o desempenho do Governo Regional e eventualmente corrigirem o resultado obtido pela coligação PSD/CDS-PP em setembro de 2023.

“O que eu peço não é o voto útil ou o voto de protesto, é o voto responsável”, disse, sublinhando que o ADN é um partido responsável e que os seus candidatos estabeleceram um contrato eleitoral no qual se comprometem a cumprir as respetivas promessas, nomeadamente a de não estabelecer acordos pós-eleitorais com outras forças.

As antecipadas de 26 de maio ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

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