A última oferta da Boeing aumentaria os salários em 38% em quatro anos, ou um aumento composto de cerca de 43%, disse na quinta-feira a Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais (IAM, na sigla em inglês).
O sindicato indicou no seu portal que iria recomendar aos trabalhadores da Boeing que aceitem o acordo. Uma maioria simples bastaria para ratificar o contrato coletivo.
Na semana passada, 64% dos membros da secção da IAM em Seattle, nordeste dos Estados Unidos, rejeitaram uma proposta que teria aumentado os salários em 35% ao longo de quatro anos.
Cerca de 33 mil membros do IAM nas duas principais fábricas da Boeing estão em greve há sete semanas, interrompendo a produção da maioria dos aviões, incluindo a aeronave mais popular da empresa, o 737 Max.
A greve começou a 13 de setembro, quando mais de 94% dos trabalhadores rejeitaram uma oferta de aumento salarial de 25% ao longo de quatro anos.
O sindicato exigia originalmente aumentos de 40% ao longo de três anos e o regresso às pensões originais, que foram congeladas para os trabalhadores atuais e não estendidas aos contratados após janeiro de 2014.
Na terça-feira, a Boeing anunciou a angariação de cerca de 21 mil milhões de dólares (cerca de 19,4 mil milhões de euros) com a venda de ações, visando aumentar o capital social para reforçar a sua tesouraria.
A operação de reforço do capital ocorre numa altura em que a empresa teve o pior prejuízo trimestral em quatro anos, superior a seis mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros), num contexto de repetidos “acidentes e incidentes” com os seus aviões, e em que necessita reforçar o balanço financeiro à medida que procura evitar uma descida do seu ‘rating’ para “lixo”, esclareceu a agência de notícias financeira Bloomberg, citando um comunicado da multinacional.
O fabricante de aviões norte-americano vendeu 112,5 milhões de ações ordinárias por 143 dólares (131 euros) cada.
A Boeing também vendeu cinco mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros) em certificados de depósito.
Nas últimas semanas, o grupo anunciou medidas para preservar a tesouraria, incluindo planos para cortar cerca de 10% da força de trabalho mundial (171 mil funcionários em 2023, isto é, 17 mil empregos).
A empresa está também a considerar vender as suas atividades no domínio aerospacial para reorientar a estratégia do grupo e reforçar a posição financeira.
A Boeing já se encontrava numa difícil situação causada pelos acidentes com o 737 MAX8 em 2018 e 2019, que mataram 346 pessoas, e a pandemia de covid-19.
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