Aumentou para 11 o número de mortos associados à falta de resposta ou atrasos por parte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Trata-se de uma mulher de Matosinhos que, na segunda-feira, passou cerca de 30 minutos a tentar obter socorro.
“Terá havido a dificuldade de a senhora ligar para o INEM, antes de contactar os bombeiros. Esteve perto de 30 minutos a ligar ao INEM”, detalhou o comandante dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça, António Amaral, em declarações à RTP.
A corporação recebeu o alerta pelas 12h49 de segunda-feira, dia em que se registaram sete outras mortes, alegadamente pela falta de resposta do INEM.
No sábado, o organismo reportou que o tempo médio de espera no atendimento dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) foi de 19 segundos.
O INEM sublinhou, num balanço enviado ao Notícias ao Minuto ao final da noite, que os tempos de espera em questão “resultam das medidas de contingência implementada”.
Saliente-se que, entretanto, foi suspensa a greve do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, responsável pela denúncia das primeiras mortes, que estarão relacionadas com os tempos de espera.
Os números têm aumentado todos os dias e, segundo explicou o Ministério Público (MP) ao Notícias ao Minuto, foram abertos cinco inquéritos em cinco situações denunciadas, por forma averiguar as circunstâncias. Um destes casos já foi arquivado por se ter concluído que não havia indícios da prática de crime.
Acumulam-se também os pedidos de demissão da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, devido à crise. Ainda assim, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu que os problemas “não se resolvem” demitindo a ministra, ao mesmo tempo que salientou que esta tese se aplica a “todos os membros do Governo”.
De acordo com o jornal Público, o INEM não designou os trabalhadores que deveriam estar a cumprir os serviços mínimos na greve de segunda-feira decretada pela Federação Nacional de Sindicatos Independentes da Administração Pública, nem contestou a indicação genérica de serviços mínimos que esta entidade fez para todo o setor público.
Esta paralisação ocorreu em simultâneo com uma outra convocada pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), que afetava apenas as horas extraordinárias e para a qual não foram indicados serviços mínimos, uma opção dos representantes dos trabalhadores que o INEM também não contestou.
Na quinta-feira, dia em que a greve foi suspensa, a ministra da Saúde convocou o sindicato representativo dos técnicos para uma reunião, que levou à assinatura de um protocolo negocial com a tutela.
[Notícia atualizada às 10h01]
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