Luís Montenegro discursava na apresentação e tomada de posse do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), um órgão consultivo do Governo para estas áreas, e a partir de hoje presidido por Carlos Oliveira, ex-secretário de Estado no XIX Governo Constitucional, com a pasta do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação.
Na sua intervenção, com os ministros da Educação e da Economia, na plateia, Montenegro defendeu que “a ciência e a inovação, a educação, a qualificação como um todo, não são um fim em si mesmo”.
“Falar de aposta na ciência e na inovação tem de ser correlacionado com a atração de investimento, com atração de talento do exterior, com fixação de talento, com o aumento dos rendimentos das famílias (…) Eu não queria estar aqui a fazer um discurso muito político, mas quando nós queremos que em Portugal se paguem menos impostos sobre o rendimento do trabalho e sobre os lucros das empresas, nós estamos a criar as condições para que o ecossistema funcione”, defendeu.
Montenegro, que antes fez uma breve visita pelo espaço do Técnico Innovation Summit (que reúne projetos com impacto na economia nos quais o Instituto Superior Técnico participa), disse ter encontrado vários jovens, “alguns deles até com formação no exterior que regressaram a Portugal e estão aqui para ficar, para arriscar, para conquistar e para vender daqui para todo mundo”.
“E é esse o ponto nevrálgico da nossa estratégia para o país, que esperamos possa ser prolongada depois de nós deixarmos de estar aqui. Não é uma coisa de um contexto episódico, de alguns anos, é uma estrutura de alinhamento que nós queremos possa perdurar durante muito tempo”, afirmou.
O primeiro-ministro defendeu a importância deste Conselho consultivo que permitirá ao Governo tomar opções para saber o que o país quer alcançar “daqui a cinco, daqui a dez, daqui a vinte, daqui a trinta ou quarenta anos”.
“Nós queremos ser líderes e nós temos condições de competitividade para ser líderes”, afirmou, referindo-se a fatores como a “excelente localização estratégica e geoestratégica”, a qualidade das instituições de ensino ou a ligação de Portugal a vários continentes.
Montenegro destacou uma medida já tomada pelo Governo para tornar “o país mais atrativo e competitivo para aqueles que apostam as suas vidas e as suas carreiras na criação científica, na investigação”.
“É permitir que os nossos investigadores não estejam circunscritos à sua atividade e possam, ao mesmo tempo que tenham bolsas, que tenham apoios, que estão em projetos com financiamento público, poderem estar nas empresas, poderem ser sócios das empresas, acionistas das empresas, membros dos órgãos sociais das empresas. Não há nenhum problema nisso, nem há nenhuma incompatibilidade nisso”, defendeu.
“Nós queremos, efetivamente, que a nossa ciência, a nossa inovação estejam de mãos dadas com a nossa economia e com as nossas empresas. E não há nenhum problema que haja pessoas que estejam nos dois sítios. Nenhum mesmo. Pelo contrário, quanto mais perto conviverem as atividades de investigação e aqueles que a aplicam depois na realidade, mais resultados nós vamos ter”, defendeu.
Montenegro defendeu que “investigar também é investir” e deixou um apelo à comunidade científica nacional.
“Eu queria muito que a nossa comunidade científica estivesse, em Portugal, motivada para arriscar. Motivada para levar longe o seu esforço de conhecimento. E, naturalmente, para ser retribuída por isso. É uma lei que é própria de uma sociedade justa”, afirmou.
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