“Surgiu uma proposta, que foi primeiro apresentada pelo Governo, e que eu submeti em nome da delegação portuguesa, que é de a própria organização ibero-americana, na base da coordenação, chamar a si um papel importante no respeita à proteção civil”, declarou o Presidente da República, em resposta a perguntas dos jornalistas, no fim da cimeira.
Durante a sua intervenção nesta cimeira, Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu-se ao chefe de Estado espanhol, Felipe VI, manifestando-lhe “toda a solidariedade, amizade e admiração institucional e pessoal na dramática situação de calamidade vivida na Espanha”.
O Presidente da República manifestou “solidariedade também para com outros países latino-americanos” e chamou a atenção para “uma proposta portuguesa da cooperação ibero-americana no domínio da proteção civil em caso de grande calamidade vivida no mundo ibero-americano”.
No fim da cimeira, Marcelo Rebelo de Sousa falou à comunicação social tendo ao seu lado o ministro de Estado e de Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Referindo-se à proposta apresentada por Portugal, o chefe de Estado considerou que “esse é um desafio ibero-americano, não para intervir de imediato, mas coordenar esforços para uma intervenção conjunta no futuro, no plano ibero-americano”.
“Nós, portugueses, temos intervindo, com a Focon (Força Operacional Conjunta Nacional). A Focon esteve no Chile, por exemplo, só para falar no mundo latino-americano, está em Espanha, portanto, temos sido os primeiros, mas é bilateral. É ver como é que é possível agir no plano da comunidade ibero-americana”, acrescentou.
“Não é só a calamidade em Espanha, que foi aquela que nos impressionou mais de perto, mas ao mesmo tempo, muito perto dessa calamidade, houve cinco, seis, sete calamidades em países latino-americanos”, realçou.
Quanto aos resultados desta 29.ª Cimeira Ibero-Americana, que decorreu com um recorde de ausências — estiveram presentes apenas três chefes de Estado, de Portugal, Espanha e Equador, e o chefe do Governo de Andorra –, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que “foi possível chegar a um comunicado, a uma Declaração de Cuenca que é praticamente unânime”.
“Há apenas um de 72 pontos em que um país teve reservas, o que significa que os 22 países concordaram com 71 pontos”, adiantou.
Segundo o chefe de Estado, “este passo importante que é dado para o futuro com a transferência de poderes para a Espanha, que volta a ter, pela quarta vez, a presidência ‘pro tempore’, transformou uma cimeira que tinha nascido sob o signo de várias querelas anteriores bilaterais numa cimeira multilateral”.
Perante Paulo Rangel, Marcelo Rebelo de Sousa saudou o “laborioso trabalho” dos ministros de negócios estrangeiros antes da sessão plenária de hoje.
“É de saudar, porque faz muita falta ao mundo esta comunidade ibero-americana”, defendeu.
Compõem a comunidade ibero-americana três países europeus, Portugal, Espanha e Andorra, e 19 latino-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Cuba e República Dominicana.
A primeira cimeira desta comunidade realizou-se em 1991, em Guadalajara, México. Os encontros foram anuais até 2014, quando passaram a ser de dois em dois anos.
Em regra, Portugal tem estado representado conjuntamente pelos chefes de Estado e do Governo. Foi assim nas cimeiras de Cartagena das Índias, Colômbia, em 2016, de Andorra em 2021, e de Santo Domingo, República Dominicana, em 2023.
Em 2018, na cimeira de Antiga, Guatemala, só esteve o Presidente da República, como agora, nesta cimeira de Cuenca.
[Notícia atualizada às 21h45]
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