Num discurso na sessão pública “a agenda privatizadora e a operação contra Abril – derrotar a política de direita e os projetos reacionários, organizada hoje pelo PCP em Lisboa, Paulo Raimundo salientou que o seu partido “rejeita, e dá combate, à operação em curso e aos objetivos antidemocráticos de desvalorização e apagamento do 25 de Abril”.
“Uma ampla operação em que se insere a sessão prevista na Assembleia da República, invocando o 25 de Novembro, no qual os deputados comunistas marcarão posição, oposição e protesto não estando presentes nessa mesma sessão”, anunciou Paulo Raimundo, perante os aplausos das dezenas de militantes que o ouviam.
Paulo Raimundo considerou que, através da comemoração do 25 de Novembro de 1975, “as forças da ‘revanche’ querem reescrever a história” e destacar aquela data “não por aquilo que foi, mas pelo que desejariam que tivesse sido de regresso ao passado”.
“O que está por detrás da iniciativa dos que suportam o Governo – PSD e CDS – com o apoio dos sucedâneos da Iniciativa Liberal e Chega, e a cumplicidade e anuência de outras forças políticas, é relançar a ofensiva contrarrevolucionária contra Abril e legitimar as suas próprias opções e a sua política destruidora”, afirmou.
Para o secretário-geral do PCP, essas forças políticas querem “tentar equivaler um golpe contrarrevolucionário com a revolução libertadora do 25 de Abril”.
“A revolução, e só a revolução de Abril, devolveu a democracia, a liberdade, a paz ao povo português, abriu caminho a um futuro de progresso, desenvolvimento e emancipação social que décadas de política de direita têm procurado cercear”, salientou.
Paulo Raimundo sustentou ainda que quem promove o 25 de Novembro pretende “esconder que os atuais e graves problemas do país são o resultado das suas opções políticas de anos e anos e anos contra Abril, as suas conquistas e valores”.
“O que os promotores desta iniciativa pretendem é reintroduzir na sociedade portuguesa fatores de divisão que marcaram o 25 de Novembro em detrimento daquilo que une o nosso povo e o que representa Abril, as suas conquistas e valores, incluindo o seu projeto de presente e de futuro para o país”, referiu.
Raimundo acrescentou que as comemorações do 25 de Novembro “não serão comemorações do povo”, salientando que essas “são apenas as comemorações de Abril”, e interpretou a sua comemoração como sendo uma “provocação no ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril”.
“Uma operação que se explica pela crescente presença e promoção de conceções reacionárias na sociedade portuguesa, por uma cada vez mais clara afirmação de forças e partidos movidos por um ideário retrógrado, antidemocrático e fascizante”, afirmou.
Neste discurso, Raimundo considerou que, desde 1976 – ano em que foi aprovada a Constituição da República – tem-se assistido a um processo contrarrevolucionário que tem nas privatizações “um dos elementos centrais”.
“Que o processo revolucionário tenha, em menos de dois anos, produzido avanços que 48 anos de contrarrevolução ainda não conseguiram reverter na sua totalidade, é uma prova do alcance profundamente democrático da Revolução Portuguesa”, considerou, acrescentando que o projeto contrarrevolucionário ainda não foi concluído “porque houve resistência”.
“Por vontade deles, já tinha ido o Metro, a Carris, os STCP, já tinha ido inclusive a própria TAP e ainda não foi porque há resistência”, disse, avisando que o atual Governo vai procurar “concretizar” esse projeto, avançando com privatizações em setores como a aviação, ferrovia, saúde, comunicação social ou água.
“Aprovado o Orçamento do Estado com o PS, o Governo vai mostrar de facto àquilo que vem”, advertiu.
[Notícia atualizada às 19h39]
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