“Tivemos sabotagens, vandalizações, arrombamento de estabelecimentos privados e comerciais e até produtivas (…) cerca de 33″, que provocaram “perdas financeiras estimadas em cerca de 3.000 milhões de meticais. Portanto, o nível de vandalização de estabelecimentos é de tal forma que não poderão voltar a operar”, assumiu Agostinho Vuma, presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
O dirigente falava aos jornalistas após uma reunião, em Maputo, com o Governo moçambicano, envolvendo cinco ministros, de áreas como transportes, turismo, pescas, energia, indústria e comércio, para analisar “os impactos” das manifestações e paralisações realizadas em 21, 24 e 25 de outubro, e nova paralisação anunciada a partir de quinta-feira, durante sete dias, convocadas por Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro.
“É como se estivéssemos a instalar uma nova unidade [face aos estabelecimentos destruídos ou vandalizados], se tivermos que ver a operacionalidade. Em termos de impacto, em postos de trabalho, estamos a falar de 1.200 trabalhadores de forma direta”, disse Vuma, garantindo que com o “efeito multiplicador” nas famílias esta situação já ameaça “cerca de 6.000 famílias”.
Referiu ainda que dos confrontos violentos com a polícia em vários pontos do país, mas sobretudo no centro de Maputo, resultou, no setor financeiro, “redução das transações do mercado cambial” em 75,3%, passando da média anterior diária de 60 milhões de dólares (55,2 milhões de euros) “para cerca de 14 milhões de dólares [12,9 milhões de euros] nos dias 24 e 25 de outubro passado”.
“As empresas estão a implementar planos de crise visando minimizar as perdas que estamos a conhecer, mas também dos prejuízos que temos estado a conhecer no quadro da natureza da nossa economia”, reconheceu Vuma.
Após receber garantias do Governo sobre a segurança que será dada nos próximos dias, o líder do patronato moçambicano assumiu: “Mantemos a nossa prontidão em deixar as nossas unidades produtivas abertas (…) obtivemos também uma garantia do nosso ministro, que era a nossa preocupação: a disponibilidade de combustíveis”.
O presidente da CTA insistiu no apelo à calma, recordando que “no final do dia”, todos são consumidores e precisam “de ter a comida na mesa”.
“Há uma necessidade dos nossos governantes de garantir a segurança das nossas unidades, por que estamos a assistir a pilhagens, a saques, que estão a colocar em causa a nossa economia, a nossa comida. Podemos eleger a questão que tem a ver com o direito de manifestação, mas também podemos eleger o direito à alimentação”, disse.
Outra das consequências que elencou dos protestos foi na entrada de camiões da África do Sul, cuja fronteira com Moçambique chegou a ser encerrada após manifestantes terem colocado pneus a arder na estrada.
“Acabou havendo a obrigação de encerrar a fronteira, o que afetou a entrada de cerca de 1.200 a 1.300 camiões. E uma boa parte, cerca de 90% desses camiões de logística, vão para o Porto de Maputo. Mostra que também estamos a impedir a entrada de produtos de primeira necessidade para a nossa economia”, reconheceu.
No final do encontro, Vuma apelou ainda aos empresários para evitarem as práticas especulativas que já se verificam.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique anunciou na passada quinta-feira a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Na terça-feira, Venâncio Mondlane convocou novas paralisações e protestos pelo período de uma semana a partir de quinta-feira, a culminar com uma manifestação nacional a 07 de novembro em Maputo.
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