“O ministro dos Negócios Estrangeiros de Madagáscar enviou uma carta ao Alto Representante manifestando o seu descontentamento (…) e pedindo à UE que substitua a chefe da delegação da UE em Madagáscar”, declarou Nabila Massrali, porta-voz da Comissão Europeia em Bruxelas, contactada hoje pela Agência France Presse (AFP).

Este pedido está atualmente a ser analisado “em concertação com o Governo malgaxe”, acrescentou, especificando que as rotações terão lugar em setembro.

Contactado pela AFP, o Ministério dos Negócios Estrangeiros malgaxe recusou-se a comentar o caso, embora a chefe de comunicação, Clara Randrianjara, tenha afirmado que “esta carta deveria ter permanecido confidencial”.

A UE é um dos principais doadores da ilha, que depende fortemente da ajuda pública ao desenvolvimento e onde quase 75% da população de 29 milhões de habitantes vive abaixo do limiar de pobreza.

No início de fevereiro, a Assembleia Nacional e o Senado de Madagáscar aprovaram uma lei que prevê a pena de castração cirúrgica ou química para a violação de menores de 18 anos.

Esta medida controversa foi considerada “cruel, desumana e degradante” pela organização não-governamental Amnistia Internacional.

Algumas semanas mais tarde, numa conferência de imprensa, a representante da UE em Antananarivo, Isabelle Delattre Burger, criticou a lei, que considerou “contrária à própria Constituição de Madagáscar” e às normas internacionais contra tratamentos cruéis e degradantes.

“Não creio que a castração química ou a castração de todo seja um fator dissuasor para os violadores”, declarou.

Esta observação da diplomata levou-a a ser convocada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.

No final de fevereiro, o Supremo Tribunal Constitucional validou a castração cirúrgica, excluindo o processo químico, que é “temporário e reversível” e não pode “neutralizar definitivamente os predadores sexuais”.

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