Borrell discursou hoje no Saint Antony’s College, na Universidade de Oxford, em Inglaterra, sobre a situação geopolítica mundial e, em particular, sobre os dois conflitos armados a que o mundo assiste: o da Ucrânia e o do Médio Oriente.

No seu discurso, intitulado ‘A Europa enfrenta duas guerras’, o chefe da diplomacia da UE insistiu na ameaça representada pelo Presidente russo e sublinhou que são cada vez mais as vozes que alertam para as consequências globais de uma vitória russa.

O Presidente russo vê todo o Ocidente como seu adversário e repete-o na televisão estatal russa, acrescentou Borrell, que considera que os europeus não estão preparados para a dureza do mundo para o qual finalmente acordaram.

Borrell citou o politólogo búlgaro Ivan Krastev para dizer que “uma coisa é acordar e outra é encontrar forças para sair da cama”.

“Em alguns casos, ainda estamos na cama”, acrescentou, referindo-se à guerra na Ucrânia, e sublinhando a “gravidade do momento atual”.

“E depois veio outra guerra”, com o ataque da organização terrorista Hamas em território israelita em 07 de outubro e a resposta desproporcionada de Israel, disse.

O chefe da diplomacia da UE afirmou que a terra deve ser “partilhada”, para que palestinianos e israelitas possam viver lado a lado, pelo que é importante encontrar uma solução para o Médio Oriente, disse, salientando que os europeus têm uma forte responsabilidade nessa procura.

Borrell deu como exemplo de esperança o processo de paz na Irlanda do Norte, que parecia impossível de resolver, mas anos de negociações pacientes conduziram ao Acordo de Sexta-feira Santa (1998), que pôs fim ao conflito sectário entre protestantes pró-britânicos e católicos pró-irlandeses.

No entanto, Borrell alertou que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, não quer uma solução de dois Estados e que a Europa continua a perguntar-lhe o que é que ele quer para ter uma resposta que evite outra tragédia humana.

Na sua intervenção, o Alto Representante defendeu que, para fazer face à atual situação geopolítica, é necessário diversificar os laços comerciais e aprofundar a cooperação com aqueles que partilham os valores e interesses europeus, citando o Reino Unido, apesar da sua saída da União Europeia.

Realçou ainda que, no mundo atual, há mais confrontos e menos cooperação, com os Estados Unidos a perderem a sua hegemonia, enquanto a China cresceu e é o seu rival.

Ao mesmo tempo, potências médias como a Índia, o Brasil, a Arábia Saudita, a África do Sul e a Turquia estão a emergir como atores importantes na cena mundial, acrescentou.

Entre outros aspetos, indicou que as alterações climáticas não são uma preocupação futura porque já estão presentes, ao mesmo tempo que se verificam mudanças tecnológicas e uma rápida evolução demográfica, em particular em África, onde até 2050 viverá 25% da população mundial.

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