“Bloquear a cooperação económica sob vários pretextos e dividir um mundo interdependente representa um retrocesso histórico”, de acordo com um discurso escrito por Xi e proferido hoje pelo ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, no Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), em Lima, citado pela agência Bloomberg.
Para Pequim, “o mundo entrou num novo período de turbulência e mudança” e a “globalização económica enfrenta sérios desafios” face à “expansão do unilateralismo e do protecionismo”, bem como à “intensificação da fragmentação da economia mundial”.
Neste discurso foi afirmada a “total confiança” no cumprimento do objetivo de crescimento da China para 2024 (cerca de 5%), depois de os dados de outubro terem mostrado que a economia começou a recuperar após a implementação de medidas de estímulo.
Relativamente às nações emergentes do chamado Sul Global, Xi Jinping apelou a que estes países tenham uma voz mais ativa nos assuntos mundiais e que todos gozem de direitos e oportunidades iguais no seu desenvolvimento, cita ainda a agência Bloomberg.
“Temos de orientar o desenvolvimento da globalização económica na direção certa e abandonar o velho caminho em que alguns países exercem a hegemonia”, considerou o responsável chinês, que defendeu ainda a necessidade de “impulsionar a globalização económica para desencadear mais efeitos positivos e entrar numa nova fase que seja mais dinâmica, mais inclusiva e mais sustentável”.
Quando Xi Jinping felicitou Trump pela vitória nas eleições presidenciais norte-americanas do passado dia 05 de novembro apelou a um entendimento entre os dois países, após anos de tensões bilaterais, informou na ocasião a imprensa oficial.
“Uma relação sino-americana estável, saudável e duradoura está em conformidade com os interesses comuns dos dois países e com as expectativas da comunidade internacional”, sublinhou Xi.
Donald Trump e a rival democrata Kamala Harris prometeram durante a campanha eleitoral conter a ascensão da China, tendo o republicano prometido impor taxas de 60% sobre todos os produtos chineses que entram nos Estados Unidos da América (EUA).
Washington e Pequim devem “reforçar o diálogo e a comunicação, gerir adequadamente as suas diferenças, desenvolver uma cooperação mutuamente benéfica e encontrar a forma correta de a China e os Estados Unidos se entenderem nesta nova era, para benefício de ambos os países e do mundo”, acrescentou o governante chinês.
Xi Jinping e Donald Trump já se encontraram quatro vezes e o futuro Presidente dos EUA, que assumirá funções em janeiro de 2025, gabou-se recentemente da sua “relação muito forte” com o líder chinês.
Mas a vitória de Donald Trump abre um período de incerteza para as relações económicas sino-americanas, que foram fortemente abaladas durante o primeiro mandato do republicano na Casa Branca (2017-2021), quando este desencadeou uma guerra comercial e tecnológica contra Pequim.
A China já está a braços com uma recuperação difícil pós-pandemia covid-19, sobrecarregada por fracos níveis de consumo interno e uma grave crise imobiliária, com muitos promotores endividados e preços a cair a pique nos últimos anos.
Muitos analistas acreditam que a vitória de Donald Trump poderá levar os dirigentes chineses a aplicar um programa de reformas, nomeadamente para compensar as futuras taxas aduaneiras prometidas pelo líder republicano.
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