“Estamos a agir com urgência para retificar a situação, estabilizar o negócio e posicionar a Burberry para um regresso ao crescimento sustentável”, afirma o presidente executivo (CEO) do grupo britânico de artigos de luxo, Joshua Schulman, citado num comunicado.
“Com base nos nossos fortes alicerces, estou confiante que os melhores dias da Burberry estão para vir”, acrescentou Schulman, que assumiu o cargo em julho, após a demissão de Jonathan Akeroyd.
Nos primeiros seis meses do seu ano fiscal, entre abril e setembro, a Burberry registou receitas de 1.086 milhões de libras (1.305 milhões de euros), menos 22,2% em termos absolutos e uma quebra de 20% numa base comparável, que exclui o efeito cambial e as alterações no perímetro contabilístico da empresa.
Em termos comparáveis, as vendas da Burberry no primeiro semestre caíram 25% na Ásia-Pacífico e 13% na Europa, Médio Oriente, Índia e África (EMEIA), bem como 21% nas Américas.
A marca também registou um prejuízo líquido de 74 milhões de libras (88,9 milhões de euros), que compara com um lucro de 158 milhões de libras (perto de 190 milhões de euros) no período homólogo.
De forma a impulsionar a criação de valor da marca a longo prazo, estão previstas medidas de melhorias de produtividade e de redução de custos, com uma poupança anual estimada de cerca de 40 milhões de libras (48 milhões de euros), das quais cerca de 25 milhões de libras (30 milhões de euros) serão contabilizadas no exercício fiscal de 2025.
O plano estratégico traçado procurará também aumentar a produtividade por loja e otimizar a presença da marca em grossistas e pontos de venda, bem como melhorar a funcionalidade do comércio eletrónico.
“Reconhecemos que há muito a fazer a curto prazo e estamos a agir com urgência”, afirmou a empresa, que está confiante de que será capaz de voltar a gerar 3.000 milhões de libras (3.605 milhões de euros) em receitas anuais, ao mesmo tempo que recupera margens e liquidez.
No comunicado hoje divulgado, a Burberry refere que o objetivo do novo plano estratégico é “reacender o desejo pela marca, melhorar o desempenho e impulsionar a criação de valor a longo prazo”.
Ícone britânico do luxo, a marca tem vindo a ser penalizada há vários meses pela falta de apetência mundial por produtos topo de gama e por escolhas estratégicas consideradas infelizes.
O seu valor em bolsa caiu a pique, o que a levou mesmo a sair do principal índice da Bolsa de Londres.
Após uma série de maus resultados – o último lucro anual caiu para quase metade – a marca conhecida pelo seu característico padrão xadrez enfrenta, tal como o resto do setor, um abrandamento da procura chinesa desde o ano passado e um fraco consumo nos Estados Unidos e na Europa.
Em simultâneo, a Burberry não tem conseguido ser bem sucedida na sua tentativa de fazer subir ainda mais a sua gama no mercado.
“Nos últimos anos afastámo-nos demasiado da nossa atividade principal, com resultados dececionantes”, admite a empresa no comunicado.
“A expressão da nossa marca estava centrada na modernidade, em detrimento da celebração do nosso património. Introduzimos novos códigos e significados de marca que não eram familiares aos nossos clientes”, refere.
No entanto, acrescenta, “o cliente de luxo atual anseia por autenticidade”.
Embora o atual baixo valor de mercado da Burberry a torne um alvo ideal para uma potencial oferta de aquisição, os recentes rumores de uma compra pela italiana Moncler não se concretizaram.
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