O socialista Eurico Brilhante Dias considerou, este sábado, que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, “só tinha um caminho” a seguir face à crise vivida no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM): apresentar a demissão.
Recorde-se que as falhas ou atrasos na resposta do serviço 112 e no encaminhamento para os CODU, do INEM, devido à greve dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, têm gerado uma forte polémica e já terão levado à morte de pelo menos nove pessoas.
Numa publicação divulgada na rede social X (antigo Twitter), o deputado elogiou o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, que ontem frisou que a responsabilidade da crise no INEM não é só da ministra da Saúde, é “também do Governo todo e do primeiro-ministro em particular”, exigindo que se retirem consequências políticas.
“O SG [secretário-geral] do PS fez muito bem em colocar esta questão do INEM no conjunto do Governo. O PM [primeiro-ministro], perante o evidente, prefere defender-se, não querendo ter já uma baixa a meio da discussão do OE2025”, escreveu Eurico Brilhante Dias.
“Mas a ministra perante o que se sabe só tinha um caminho: pedir ao PM para sair. Temido ‘rules’ [Temido é o máximo, em tradução livre]”, rematou o antigo líder da bancada parlamentar do PS, em jeito de elogio a Marta Temido, eurodeputada socialista e antiga ministra da Saúde dos governos de António Costa.
O SG do PS fez muito bem em colocar esta questão do INEM no conjunto do Governo. O PM perante o evidente prefere defender-se, não querendo ter já uma baixa a meio da discussão do OE25. Mas a Ministra perante o que se sabe só tinha um caminho: pedir ao PM para sair. Temido rules.
— Eurico BRILHANTE DIAS (@BrilhanteDias) November 9, 2024
Recorde-se que Luís Montenegro já veio defender que os problemas “não se resolvem” demitindo Ana Paula Martins, referindo ainda que isso se aplica a “todos os membros do Governo”.
“A consequência política, quando há problemas, é resolvê-los; essa é a consequência política. A consequência política não é, para ser direto a responder à sua pergunta, mudar pessoas para o problema continuar; é o contrário, é resolver o problema para que nós possamos continuar cada vez mais a prestar bom serviço”, salientou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas portugueses em Budapeste, no final de uma reunião informal do Conselho Europeu.
Saliente-se que greve foi suspensa na quinta-feira, dia em que a ministra da Saúde convocou o sindicato representativo dos técnicos para uma reunião, a qual levou à assinatura de um protocolo negocial com a tutela.
Na segunda-feira, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar obrigou à paragem de 44 meios de socorro no país durante o turno da tarde, agravando-se os atrasos no atendimento da linha 112.
De notar que o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) denunciou no sábado as primeiras duas mortes que terão acontecido devido à greve. Após esta denúncia, vários outros casos foram noticiados, tendo o Ministério Público aberto inquéritos a algumas destas situações, bem como a Inspeção Geral das Atividades de Saúde (IGAS).
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