“O Governo prometeu negociar com os bombeiros sapadores e o que nós soubemos hoje é que o Governo decidiu provocar os bombeiros sapadores. A Assembleia da República tem a obrigação de não permitir que o Governo provoque os bombeiros sapadores e que arraste mais um setor profissional essencial para a segurança do país para um braço de ferro”, considerou o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, em declarações aos jornalistas.
O executivo PSD/CDS propôs na quarta-feira um aumento gradual da remuneração dos bombeiros sapadores de 15% a 20% até 2026, incluindo a criação de suplementos de risco e de função como resposta às reivindicações dos sindicatos destes profissionais, proposta que o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) considerou hoje “irrazoável e irrisória”.
Fabian Figueiredo apelou às bancadas parlamentares para que se reúna “uma maioria de deputados e de deputadas em sede especialidade do Orçamento do Estado para 2025 e se aprovem as propostas que o BE já apresentou para que haja um subsídio de risco justo, idêntico ao das forças de segurança, que lhes sejam reconhecidas condições remuneratórias dignas e condições de reforma dignas, que reconheçam o seu estatuto de profissão de risco de desgaste rápido”.
“Comunico também que o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda viabilizará todas as propostas que visam garantir estes direitos aos bombeiros sapadores. E é esse o apelo que nós aqui deixamos”, frisou.
Na opinião do líder parlamentar bloquista, a Assembleia da República “deve impedir o Governo de continuar a provocar os bombeiros sapadores e de os arrastar para um braço de ferro que ninguém deseja”.
Fabian Figueiredo manifestou-se convicto de que será possível reunir uma maioria de deputados para, em sede de especialidade, “resolver estes problemas, porque se trata de uma despesa muito pequena e reivindicações mais do que justas”.
O bloquista afirmou que “o Governo passa os dias a tentar convencer que é urgentíssimo baixar o IRC” e argumentou: “Se há dinheiro, segundo o executivo, para baixar os impostos aos multimilionários, uma coisa é certa: o país não perceberá que não se encontre uma verba no Orçamento do Estado que é exígua para fazer justiça aos bombeiros sapadores”.
O líder parlamentar enalteceu o papel dos bombeiros sapadores em acidentes rodoviários e ferroviários e referiu que estes profissionais “vão para a linha da frente nos incêndios urbanos e rurais, lidam com matérias perigosas, químicas ou biológicas, intervêm quando mais nenhum operacional civil o pode fazer”.
Fabian Figueiredo lembrou ainda que recentemente a matéria reuniu “consenso na Assembleia da República”, com vários partidos a defender que “era necessário dar ouvidos a estes homens e a estas mulheres”.
Em outubro, centenas de profissionais manifestaram-se junto à Assembleia da República, tendo derrubado as grades de proteção ao edifício e ocupado a escadaria durante três horas, além de terem rebentado petardos e queimado pneus.
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