O vice-presidente do Chega, Pedro Frazão, endereçou uma mensagem de apoio ao grupo supremacista Reconquista, que foi transmitida no III Congresso do coletivo, no sábado. O deputado assumiu, inclusive, que o partido encabeçado por André Ventura é “aliado” daquele movimento, que se mostra abertamente contra a presença de imigrantes em Portugal, além de contestar os direitos das mulheres e da comunidade LGBTQ+.
“É com enorme honra que envio esta mensagem ao congresso da Reconquista, que sei ser uma das casas da direita cristã patriótica em Portugal. […] Acredito mesmo, profundamente, que a política deve nascer da nossa fé, do amor à pátria e do dever para com o nosso povo português. É por isso que vos saúdo e saúdo também o vosso trabalho, porque sei que dão voz a esses mesmos valores, com muita coragem e muita convicção”, começou por dizer Pedro Frazão, na mensagem projetada no encontro daquele grupo supremacista.
O vice-presidente do Chega considerou que “vivemos tempos em que existe uma confusão moral, em que o pluralismo tenta todos os dias apagar as nossas raízes”, ao mesmo tempo que denunciou que “os desafios são muitos, e o maior de todos é garantir o futuro do nosso povo através da remigração”, que entendeu ser “a única política capaz de restaurar a ordem, a segurança e a esperança no nosso país”.
Discurso de apoio de @Pedro_Frazao_ à Reconquista 🇵🇹
— Gregário (@gregario_pt) November 9, 2025
“Mas o Chega, o partido Chega, com aliados como vós, está aqui para lembrar a todos que a defesa de Portugal passa também pela defesa da nossa cultura, das nossas famílias e da nossa identidade cristã portuguesa”, complementou.
Pedro Frazão cumprimentou também os “parceiros europeus” do Chega que marcavam presença no congresso, entre eles “os amigos da AfP [partido de extrema-direita alemão]”, assim como “todos os que não desistiram de lutar por uma Europa das nações soberanas”.
“Somos fiéis à nossa história e somos fiéis ao nosso Deus. Sigamos juntos, meus amigos, porque a direita verdadeira está a erguer-se em Portugal e em toda a Europa, e têm de contar connosco. Muita amizade”, rematou.
Publicação do líder do Reconquista no Threads, a propósito da mensagem de Pedro Frazão© afonso_jfg
O Notícias ao Minuto contactou o Chega a propósito desta intervenção e aguarda retorno.
Saliente-se que o encontro ficou sem espaço, depois de o responsável pelo auditório do Colégio Luso-Francês, no Porto, ter tomado conhecimento de que se tratava “de um evento político, não respeitando o regulamento em vigor“. Estava, além disso, contra aquilo que “foi contratualizado” com os organizadores, uma vez que o grupo tinha descrito o congresso como “evento cultural”.
Contudo, a reunião acabou por realizar-se no Clube Maia Sport, que justificou, no domingo, trabalhar “em várias valências, inclusive a parceria com eventos corporativos”.
“No último sábado tivemos um evento organizado por um movimento político. Tendo sido o primeiro do género, aproveitamos para esclarecer que as nossas convicções políticas (que até são variadas) não são fator importante na autorização da realização dos mesmos mas sim a legalidade que os promotores possuam”, apontou, num comunicado divulgado nas redes sociais.
A entidade disse ser “uma empresa que tem fins claros”, ao mesmo tempo que ressalvou que “a liberdade de expressão conquistada pelo 25 de Abril não é só para ser ‘usada’ quando nos dá jeito”.
“Reafirmamos que as nossas portas estariam abertas a TODOS os movimentos políticos/ideológicos desde que sejam legais. Finalizado que está o evento informar, como não poderia ser de outra forma, que tudo decorreu dentro da normalidade. A única anormalidade foram os insultos cobardes escondidos nas redes sociais, tanto nas nossas páginas como nas diferentes páginas de diversas instituições do concelho”, denunciou.
Recorde-se ainda que, no ano passado, o Reconquista alugou a sede da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) para levar a cabo o seu congresso, tendo o órgão autárquico esclarecido que o grupo se tinha feito passar por um “coletivo de jovens” associados ao partido Chega.
A proposta, que terá sido “apresentada por uma pessoa singular – uma senhora cujo nome não suscitou qualquer alerta”, teria como objetivo levar a cabo um “conjunto de discursos sobre a atualidade, a imprensa e a sociedade e cultura europeias”, alguns deles “realizados por figuras de relevo do cenário nacional e internacional”.
O presidente do Reconquista negou as acusações, tendo apontado que a AML apercebeu-se de que “tinha sido um erro aprovar a realização do evento e, […] para se legitimarem aos olhos do público, vêm utilizar a justificação de que entenderam que [o grupo estava] diretamente [associado], ou que [era] parte do Chega”.
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