O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha considera que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) precisa de ser dotado “de meios e de pessoas competentes”, algo que acusa que “tem faltado” no Instituto.
Em declarações aos jornalistas, esta segunda-feira, em Braga, Rui Rocha debruçou-se sobre uma reorganização das equipas no INEM, assim como um devido financiamento da entidade.
“É incompreensível como é que estamos nesta situação já praticamente há duas semanas e tudo aquilo que acontece da parte do primeiro-ministro é fugir às respostas e às explicações. Isso parece-nos que a cada dia que passa piora a situação. Creio que era preciso dar um sinal de reorganização das equipas começando pela secretária de Estado e pelo diretor do INEM“, refere o líder do IL.
Aponta que o INEM não é financiado pelo Orçamento do Estado, mas sim “pelo prémio dos seguros que nós temos, os nossos seguros normais e depois há uma taxa que incide sobre o valor desses seguros”.
Rui Rocha reitera que, entre 2020 e 2022, “houve 120 milhões de receitas do INEM, que vêm dos seguros que nós pagamos, que foram desviados para outras áreas pelo Governo de António Costa”, e indica que este desvio “impacta na atividade do INEM”.
Questionado sobre o tema da privatização dentro do Instituto, o presidente da IL entoou as palavras do líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Hugo Soares, que, este domingo, negou as acusações de Pedro Nuno Santos sobre as alegadas intenções do Governo de privatizar o INEM.
“Aquilo que o INEM deve fazer e continuar a fazer é coordenar os meios que existem, sejam eles públicos ou privados, porque de facto a quem precisa de um socorro de emergência não importa se é privado se é público, importa é ter uma assistência de vida em tempo no sítio certo, e portanto isso é um fantasma que a esquerda está a criar, mas não faz nenhum sentido“, refere Rui Rocha.
“Não há nenhuma necessidade, vamos dizer assim, de alterar a filosofia de gestão do INEM. O que é preciso é dotar o INEM de meios e de pessoas competentes. as duas coisas, pelo que sabemos tem faltado” aponta o líder do IL que acrescenta, ainda, que “já hoje o INEM recorre a muitas entidades privadas, a bombeiros, a todo um conjunto de organizações que são privadas”.
Recorde-se que o Ministério Público (MP) abriu sete inquéritos às mortes possivelmente relacionadas com falhas no socorro do INEM. Para além destes, foi aberto um inquérito pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), em virtude dos eventuais atrasos no atendimento de chamadas por parte do Instituto.
A demora na resposta às chamadas de emergência agravou-se durante a greve de uma semana às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH), que no dia 4 de novembro coincidiu com a greve da função pública.
A greve dos TEPH acabou por ser suspensa após a assinatura de um protocolo negocial entre o Governo e o sindicato do setor.
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