“Celeste Caeiro, com um gesto aparentemente simples, tornou-se o símbolo de um movimento que mudou Portugal para sempre, distribuindo cravos aos soldados do Exército, durante a Revolução de 25 de Abril de 1974″, lê-se nas páginas oficiais do Exército Português nas redes sociais Facebook e Instagram, reagindo à morte ocorrida na sexta-feira, em Leiria.
A mensagem é acompanhada por uma fotografia de Celeste Caeiro, tirada pelos próprios fotógrafos do Exército, no desfile do dia 25 de Abril deste ano, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, quando ‘Celeste dos Cravos’, 50 anos depois, repetiu o gesto que deu nome à Revolução.
“‘Celeste dos Cravos’ partiu, mas o seu legado permanecerá vivo na história e na memória de todos nós”, diz a mensagem do Exército, sublinhando que “o seu gesto lembra que, muitas vezes, são as pequenas ações que dão início às grandes transformações”.
“Até sempre, Celeste”, conclui a mensagem do Exército.
Celeste Caeiro, que nasceu em Lisboa, em 02 de maio de 1933, morreu na sexta-feira, no Hospital de Leiria, disse à agência Lusa a neta, Carolina Caeiro Fontela, lamentando que nunca tenha sido homenageada em vida.
Na própria sexta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou tristeza pela sua morte e anunciou que a irá condecorar a título póstumo, em resposta a perguntas dos jornalistas, no final da 29.ª Cimeira Ibero-Americana, em Cuenca, no Equador.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou que, por “uma ou duas vezes”, combinara “uma ida a Belém para a condecoração”, que só não aconteceu porque Celeste Caeiro “caiu doente”. “Mas ela soube disso, ficou muito feliz com a notícia. Infelizmente não pôde receber as insígnias em vida”, acrescentou o chefe de Estado.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, e os partidos PCP e Livre lamentaram igualmente a morte de Celeste Caeiro.
“Nos 50 anos do 25 de Abril, Portugal despede-se da mulher que pôs os cravos na revolução. Nesta hora de luto, deixo uma palavra de reconhecimento a Celeste Caeiro”, escreveu o primeiro-ministro na rede social X.
Também na rede social X, o PCP manifestou “profundo pesar”, recordando “a camarada Celeste [que] enfrentou uma vida de dificuldades com perseverança”, e o partido Livre lembrou “a mulher que transformou a Revolução de Abril na Revolução dos Cravos, ao oferecer aos militares uma flor como símbolo de paz e esperança”.
No passado dia 25 de Abril, na sessão solene das comemorações dos 50 anos da Revolução, o deputado do Livre e historiador Rui Tavares pediu que o parlamento homenageasse as mulheres trabalhadoras do país através de uma estátua de Celeste Caeiro, que saiu para a rua com uma braçada de cravos no dia 25, e os distribuiu pelos soldados.
Por proposta do PCP, a Câmara de Lisboa aprovou por unanimidade, no dia 07 de maio, homenagear-se Celeste Caeiro com a atribuição da medalha de honra da cidade de Lisboa e a realização de uma “intervenção evocativa, a ser implantada num espaço público”, o que ainda não aconteceu.
No âmbito do programa “Cinema pela Democracia”, da comissão para as Comemorações 25 Abril 50 Anos, numa parceria com o Instituto do Cinema e do Audiovisual, foi aprovado o projeto “Celeste dos Cravos”, com produção de Tino Navarro e da MGN Filmes.
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