Se não funcionar “para toda a humanidade, então é uma grande oportunidade que perdemos”, diz a diplomata.
Questionada sobre o desafio digital da Europa, face aos EUA e à China, a embaixadora começa por dizer que, em certo sentido, a Europa é “o continente honesto”.
“Sempre admirei a maneira como falamos porque não fazemos rodeios, no sentido em que dizemos que temos coisas que precisam ser desenvolvidas”, por exemplo, “para atrair mais capital e mais pessoas, nós temos que manter as fronteiras abertas”, refere.
E, ao mesmo tempo, ter “um ambiente de regulação conjunta de, pelo menos, 27 países”, acrescenta Titta Maja-Luoto, e a Europa tem sido “‘port runner’ [pioneira] em muitos padrões de digitalização” e não se vê “isso acontecer em lado algum”.
Muitas das ‘startups’ de IA “que temos na Europa não visam apenas o mercado europeu, mas também os EUA, o mercado chinês e asiático e acho que eles são muito experientes em tecnologia para entender como todos esses mercados funcionam e gostam de extrair os melhores elementos” de todos eles, prossegue.
“E talvez seja assim que o mundo global deveria funcionar. Não queremos competir um contra o outro. Acho que as empresas já entenderam que temos que trabalhar em conjunto para obter os melhores lucros”, argumenta a embaixadora finlandesa.
A IA deve respeitar os direitos individuais e também precisa de ser orientada comercialmente, refere.
O que se pretende “em termos de políticas da União Europeia é que a matriz seja gratuita e, em seguida, as aplicações comerciais” que são construídas nesta espécie de base gratuita, “possam ser obviamente comercializadas”.
Contudo, “se a base, como as funções básicas, são dadas às grandes empresas tecnológicas, então penso que acabaremos todos, como humanidade, muito infelizes”, considera.
E a UE “está a tentar promover exatamente isso”. Aliás, “não temos absolutamente nada contra a economia de mercado, mas há certas questões básicas que devem estar disponíveis para todos”, defende.
É ponto assente que a próxima Comissão Europeia tem de “compreender” que se a Europa não tiver conhecimentos tecnológicos, como literacia mediática e tecnológica “desde cedo, estaremos todos condenados porque há muitas informações falsas disponíveis”, sublinha.
E porque “os valores profundos na União Europeia que nos mantêm unidos são construídos sobre uma fundação onde os Direitos Humanos pertencem a todos”, como direitos económicos, políticos, “se seguirmos esses princípios básicos não podemos errar muito com o desenvolvimento tecnológico”, argumenta.
Tal “significa que temos também de ajudar as pessoas, quer estejam na Europa ou em qualquer outro lugar do mundo, a beneficiarem do desenvolvimento tecnológico”.
Não é apenas responsabilidade da Europa, “mas uma coisa certa a fazer pela Europa”, de “reunir todos a bordo através da ONU, organizações regionais e dar-lhes as ferramentas” para que tenham um desenvolvimento tecnológico que beneficie os cidadãos desses países.
“Acho que na Europa temos um equilíbrio quase perfeito para fazer tudo isso. E eu não vejo como com este tipo de equação perder essa corrida”, conclui.
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