Segundo Pinto Luz, questionado sobre os prazos para o fim dos trabalhos de reabilitação da ligação ferroviária entre Lisboa e Cascais, em 2026 ficarão “as obras concluídas” e “as estações [em 20]27/28”.
O governante respondia a uma questão do deputado Gonçalo Lage, do PSD, na Assembleia da República, onde esteve a ser ouvido durante mais de cinco horas, no âmbito da discussão, na especialidade, da proposta do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).
O deputado social-democrata considerou que, analisando “os atrasos todos da Ferrovia 2020” se está “perante um cenário absolutamente dantesco”.
“As obras na Linha de Cascais começaram com três anos de atraso, estavam previstas na Ferrovia 2020 e, mais uma vez, com a previsão de conclusão neste ano vai ser ultrapassado este prazo”, afirmou Gonçalo Lage, acrescentando que não se pode “continuar ano após ano a sacudir a água do capote”.
O presidente da Infraestruturas de Portugal (IP) disse, em outubro, que o plano de investimentos Ferrovia 2020, apresentado em 2016 e com vários atrasos nas obras, tinha um planeamento desadequado à capacidade de resposta e à profundidade dos projetos.
“Aquele planeamento era notoriamente desadequado daquilo que era possível fazer com a capacidade de resposta que existia e a profundidade que existia”, apontou Miguel Cruz, na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação, a pedido da Iniciativa Liberal (IL), para esclarecimentos sobre o ponto de situação da segurança e obras ferroviárias, nomeadamente, do Ferrovia 2020 e Plano Nacional de Investimentos 2030.
O presidente da IP considerou que o plano de investimentos Ferrovia 2020, apresentado em 2016, numa altura em que Pedro Marques (PS) era ministro do Planeamento e Infraestruturas, arrancou com um planeamento e previsão de conclusão de obras desadequados, “quer pelas condições de mercado, quer pelas condições de profundidade dos projetos”.
O responsável disse que existiu “excesso de otimismo” que, aliado a imprevistos, fez com que a conclusão prevista do plano em 2020 derrapasse cerca de quatro anos, mas salientou que a prioridade foi assegurar o aproveitamento dos fundos comunitários disponíveis.
No caso da Linha de Cascais, a IP referiu o impacto negativo da dificuldade de resposta do empreiteiro, bem como várias interrupções que foram sendo introduzidas, como a visita do Papa Francisco, em 2023, ou a realização de concertos.
A IP apontou como benefícios após intervenções na Linha de Cascais a melhoria das condições de segurança, instalação de sistemas de videovigilância, intervenções em atravessamento de nível, instalação de um novo sistema de sinalização e de controlo de velocidade e melhoria da informação ao público.
A Linha de Cascais, com 25,45 quilómetros, entre Cais do Sodré e Cascais, tem 17 estações e apeadeiros e a intervenção visa “migrar o sistema de eletrificação (catenária) dos atuais 1.500 V DC para 25 kV-50Hz AC, com a construção de uma nova subestação em Sete Rios, permitindo a integração na restante rede, estimando uma poupança de cerca de 50 % do consumo energético”, de acordo com a IP.
“A instalação de nova sinalização, conjugada com a nova catenária, vai permitir que o operador adquira novos comboios ou possa colocar comboios da restante rede ferroviária nacional em circulação, retirando do serviço os comboios obsoletos (alguns de 1920)”, salientou.
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