Augusto Santos Silva, antigo presidente da Assembleia da República, afirmou, esta segunda-feira, que a sociedade norte-americana está mais “fragmentada” do que nunca e que Donald Trump transformou o debate democrático numa “guerra sem quartel”, criticando as promessas “impossíveis” do republicano.
Esta posição foi partilhada pelo também antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, na CNN Portugal, num comentário às eleições presidenciais dos Estados Unidos, quando partilhava aquilo que mais o “preocupa”.
“Em primeiro lugar, a extrema divisão e polarização da sociedade norte-americana, que está fragmentada e dividida como nunca esteve. E, em segundo lugar, o facto de Trump já ter ganhado num plano muito crítico, que é o de transformar o normal debate democrático, o combate politico democrático, numa espécie de guerra”, disse.
Segundo Santos Silva, Trump e o setor republicano que lidera esquecem os meios “pacíficos” e transformam o combate político num combate “entre inimigos e numa guerra sem quartel, em que a desqualificação do adversário, o insulto pessoal, a mentira descarada e contínua são meios entendidos como normais e legítimos“.
O antigo governante diz que se sabe o que se pode esperar da democrata Kamala Harris e de Trump no que diz respeito à política externa norte-americana, embora em relação ao republicano tenhamos “de dar sempre uma taxa de desconto da sua imprevisibilidade”, falando em “promessas excessivas, desrazoáveis” e “impossíveis”.
“Ele não vai acabar com o conflito israelo-palestiniano em dias, não vai acabar com a guerra na Ucrânia em dias. Isso é impossível“, apontou.
“Há muitas diferenças, mas a principal diferença, do meu ponto de vista, entre os dois, é que Kamala Harris representa a normalidade democrática, uma pessoa que se candidata com um programa, com uma plataforma, com uma biografia, um debate democrático, que percebe o que é que faz a riqueza do debate democrático, ao passo que Trump não cumpre nenhuma destas regras básicas do comportamento democrático”, completou.
É de realçar que as presidenciais se realizam já esta terça-feira, 5 de novembro. Contudo, com milhões de pessoas a votarem antecipadamente, os analistas avisam que dificilmente se conhecerá o vencedor no dia da eleição.
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