‘Houris’, publicado pela Gallimard, era tido como o favorito dos quatro finalistas ao prémio, não apenas por razões literárias, mas também por razões políticas.
Neste romance, o escritor e jornalista franco-argelino de 54 anos coloca-se na pele de Aube, uma jovem grávida que conta à neta por nascer o massacre da sua família, a 31 de dezembro de 1999, por islamitas que tentaram cortar-lhe a garganta, deixando-a desfigurada e muda.
Crítico do islamismo radical, o que lhe valeu uma ‘fatwa’ no seu país de nascimento (Argélia), Kamel Daoud já tinha ganhado em 2015 o Prémio Goncourt de Melhor Romance, com ‘Meursault, contra-investigação’ (editado em Portugal pela Teodolito), o seu único livro publicado em Portugal, obra que escreveu como uma resposta a ‘O estrangeiro’, de Albert Camus.
O anúncio foi feito no restaurante Drouant, em Paris, onde os jurados se reuniram.
O Goncourt tem um prémio monetário meramente simbólico, já que o vencedor recebe um cheque de apenas dez euros, mas garante ao seu autor notoriedade, tiragens milionárias e traduções em dezenas de línguas.
No ano passado, o Goncourt foi atribuído ao escritor francês Jean-Baptiste Andrea, pelo romance ‘Velar por ela’, uma história de amor sobre o pano de fundo do fascismo em Itália.
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