“Quero muito fazer o centro intergeracional, mas tem de ser o Estado a dar-nos aquele edifício. […] Eu sei que noutros tempos havia parcerias políticas entre a câmara e o próprio Governo, em que a câmara comprava coisas ao Governo. Isso não faz sentido nenhum. O Governo tem de nos doar aquele edifício para nós podermos fazer o centro intergeracional”, afirmou Carlos Moedas (PSD).
O autarca falava na reunião pública da câmara em resposta a questões da vereadora do PS Inês Drummond, que lembrou que o Governo disse que foi a câmara que recusou a solução do antigo Hospital Militar de Belém para a criação de um centro de acolhimento de emergência de pessoas em situação de sem-abrigo e que havia disponibilidade para a implementação de centro intergeracional e, por isso, estava a ser preparado um protocolo, mas tal implicava negociação adicional com as condições financeiras a ajustar.
Questionado se o município estava disposto a pagar ao Governo pelo espaço do antigo Hospital Militar de Belém, na freguesia da Ajuda, o presidente da câmara criticou a postura do anterior executivo municipal do PS de comprar imóveis do Estado, considerando que tal representava “truques políticos entre um orçamento do Estado e um orçamento da câmara”.
“O Estado tem efetivamente imóveis que pode dar à câmara municipal para podermos rentabilizá-los socialmente. A [freguesia da] Ajuda sabe bem que eu quero muito fazer esse centro intergeracional e que vamos continuar a lutar por ele junto do Governo, para que ele possa acontecer e para que o Ministério da Defesa faça aquilo que tinha prometido há muitos anos, que possamos ter esse ativo na câmara municipal assim como outros ativos do Estado”, declarou Carlos Moedas.
Sobre o recuo no centro de acolhimento de emergência de pessoas em situação de sem-abrigo no antigo Hospital Militar de Belém, o autarca explicou que a decisão foi tomada após ouvir a população e o presidente da Junta de Freguesia da Ajuda, Jorge Marques (PS), que se opuseram a esse projeto.
Na reunião, a vereadora do BE, Beatriz Gomes Dias, perguntou sobre os recentes dados de aumento de 23% das pessoas em situação de sem-abrigo em Portugal, considerando que “é um aumento expressivo, muito preocupante”, procurando saber quais as medidas que o município de Lisboa vai implementar para corrigir esta situação e solicitando o agendamento de uma proposta do BE sobre alojamento de emergência.
Em resposta, o presidente da câmara disse que os dados do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem Abrigo (NPISA) referem que, em 2023, a cidade de Lisboa registava “3.378 pessoas em situação de sem-abrigo”, o que corresponde a “um aumento de 8% em relação a 2022”, acrescentando que em relação às pessoas sem teto houve “um aumento de 39%, de 394 para 548”.
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