A Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou que duas pessoas, um homem e uma mulher de 25 e 28 anos, respetivamente, foram detidos “por resistência e coação a funcionário” durante desacatos registados na tarde deste domingo, em Lisboa, quando duas manifestações sobre imigração se cruzaram num ponto da cidade.
Também se confirmou, em comunicado, “a identificação de quatro indivíduos que integravam a manifestação promovida pelo partido Chega por infração à lei de segurança privada”.
Note-se que já tinham sido noticiadas as detenções, presenciadas pela agência Lusa. Os dois jovens estariam a gritar ’25 de Abril sempre, fascismo nunca mais’, quando uma pessoa da manifestação contra a imigração se dirigiu aos dois e os agrediu com um soco, segundo foi possível apurar no local.
A PSP explicou que, durante o dia, “garantiu o exercício do direito de manifestação por parte dos cidadãos que integraram ações em diversos locais desta cidade”, sendo que, “após comunicação da realização de duas manifestações para o mesmo dia e para a mesma área geográfica, os serviços que integram o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (COMETLIS) efetuaram a avaliação do risco e subsequente planeamento, uma vez que, face à previsível ocorrência de manifestações com posicionamentos ideológicos antagónicos, existia uma forte possibilidade de ocorrência de confrontos, ainda que meramente verbais“.
“Assente num prévio planeamento e avaliação de risco, a ação policial foi exercida por polícias de diversas valências do COMETLIS e teve o apoio permanente de meios da Unidade Especial de Polícia da PSP”, lê-se na missiva.
A autoridade defende que “a constante visibilidade e mobilidade dos meios policiais destacados para esta operação de segurança terão, assim, contribuído de forma significativa para a inexistência de situações de alteração da ordem pública”.
A manifestação contra a imigração convocada pelo Chega, que mobilizou milhares de pessoas, percorreu a Avenida Almirante Reis, Lisboa, registando-se momentos de tensão, um deles o momento das detenções, quando o desfile se aproximava de uma concentração pró-imigrantes.
O primeiro momento de tensão aconteceu junto à igreja dos Anjos, mais ou menos a meio da Avenida Almirante Reis, onde um grupo de cerca de 20 jovens com a cara tapada esperava pela passagem da manifestação.
A polícia presente no local imediatamente formou um cordão de segurança para impedir qualquer contacto entre os dois grupos.
Os jovens de cara tapada mantiveram-se em silêncio, à medida que a manifestação passava, enquanto os manifestantes gritavam palavras de ordem, insultos ou cantavam o hino nacional.
Na passagem pela zona do Intendente, um forte dispositivo policial impediu qualquer contacto entre os manifestantes e o grupo de cidadãos que estava no largo, com faixas pró-imigração.
Em declarações à agência Lusa, a porta-voz da iniciativa do Largo do Intendente frisou que se tratava de um “arraial festivo”, centrado na celebração da diversidade, e não uma contra-manifestação ou reação à manifestação do Chega.
“Coincidiu e o que decidimos foi que na altura em que eles estivessem a passar iríamos reagir e foi uma coisa totalmente espontânea”, explicou Maria João Costa, da Cozinha dos Anjos.
De acordo com a responsável, na altura em que a manifestação do Chega estava próximo do Largo do Intendente, quem estava no largo começou a gritar “racistas, fascistas, chegou a vossa hora, os imigrantes ficam e vocês vão embora”.
Maria João Costa disse que não temeu que houvesse confrontos entre as partes, não só pela presença dos vários elementos policiais, mas também, garantiu, porque quem estava no Largo do Intendente assumiu uma posição pacífica.
Leia Também: Manifestações sobre imigração cruzam-se em Lisboa. Há detidos