Em declarações à Lusa, Teixeira Cândido adiantou que, dos colegas detidos no Huambo, um pertence ao setor da Educação e dois à Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade (ENDE).

“Estamos a procurar saber exatamente o que pesa sobre eles. Para já não temos ainda nenhuma informação concreta (…) de todo o modo, as centrais sindicais entendem que há uma relação direta com o exercício da greve”, disse o também secretário-geral do Sindicato de Jornalistas Angolanos (SJA).

O sindicalista frisou que o apelo feito foi para que os grevistas ficassem em casa e apenas os que vão prestar serviços mínimos estivessem nos locais de trabalho.

“Estes colegas estavam a prestar serviços mínimos (…) estamos a fazer diligências para saber ao certo o que é que se passa”, referiu, adiantando que existem informações de que, supostamente, terão proferido ofensas que configuram difamação, “mas não é um dado adquirido”.

“Tentamos procurar saber, através dos advogados que neste momento acompanham os nossos colegas, mas eles também ainda não sabem ao certo, porque ninguém se pronunciou e estamos à espera”, detalhou o sindicalista, avançando que caso a situação se mantenha vão desencadear manifestações.

Também na província do Bengo, foi registada a detenção de uma enfermeira, entretanto posta em liberdade.

A Lusa contactou a Policia Nacional para obter esclarecimentos sobre as detenções, sem resposta até ao momento.

A primeira fase da greve termina esta sexta-feira, estando já agendadas as próximas paralisações, que vão de 22 a 30 de abril e a última de 03 a 14 de junho.

Face ao cenário de coação, segundo os sindicatos, e detenções no primeiro dia de greve, Teixeira Cândido apelou aos colegas para que “não se inibam”, porque há o direito à greve.

Segundo o secretário-geral do SJA, houve uma adesão de 95% dos trabalhadores, fundamentalmente dos serviços de saúde, educação, do ministério da Justiça, da Procuradoria-Geral da República e parte do setor da indústria.

“Era expectável que os taxistas também pudessem parar, eles estão solidários com as três centrais sindicais, no entanto, a greve dos taxistas está marcada para o dia 25”, adiantou.

Teixeira Cândido apelou aos colegas para que se mantenham firmes, porque a revindicação é um direito constitucional, e para devolver a dignidade social, “que os atuais salários não conseguem preencher”.

“O que nós estamos a fazer não é nada à margem da lei. Nós temos estado a negociar com o Governo há três meses, a Lei da Greve estabelece 20 dias apenas para a negociação”, disse Teixeira Cândido, sublinhando que os sindicatos alargaram este período manifestando a sua boa-fé.

O caderno reivindicativo foi apresentado a 05 de setembro de 2023 ao Governo, pela Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhadores Angolanos – Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Força Sindical – Central Sindical (FS-CS)

Apesar das negociações, concluíram que não houve resposta satisfatória do executivo às suas reivindicações, mantendo-se as divergências quanto ao aumento do salário mínimo e da função pública, atualização de subsídios e desagravamento dos impostos.

As centrais sindicais começaram por exigir o aumento do salário mínimo dos atuais 32.000 kwanzas (35 euros), para 245.000 kwanzas (268 euros), proposta “flexibilizada”, entretanto, para 100.000 kwanzas (109 euros) e um reajuste do salário da Função Pública, na ordem de 250 por cento.

O executivo angolano decidiu propor um salário mínimo em função da dimensão da empresa, nomeadamente 48.000 kwanzas (52 euros) para as pequenas empresas, 70.000 kwanzas (76 euros) para médias empresas e 96.000 kwanzas (104 euros) para as grandes empresas, o que foi rejeitado pelos sindicatos.

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