No debate que opôs hoje na SIC Notícias a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, foram evidentes convergências em algumas áreas e também nas críticas ao PS, desde logo quanto ao apelo de voto útil nos socialistas ou pelas propostas para a habitação, por não atacarem a raiz do problema.

Logo no arranque do frente a frente, questionada sobre o apelo de voto útil no PS feito pelo líder socialista, Mariana Mortágua criticou que, depois de uma maioria absoluta que terminou com a queda do Governo, Pedro Nuno Santos “venha fazer o mesmo apelo esfarrapado a uma nova maioria absoluta”, algo que considerou “espantoso e incompreensível”.

Já Paulo Raimundo defendeu que aquilo que se vai decidir nas legislativas antecipadas de 10 de março é a eleição de 230 deputados e, na mesma linha da líder bloquista, defendeu a ideia de que serão as maiorias que se formarem que vão decidir o futuro do país, considerando que “o voto útil é na CDU”.

“É um voto de protesto e soluções e que obrigará o PS a cumprir todas as promessas que está a fazer agora. A história prova isso. É um voto firme de combate à direita”, enfatizou.

Num debate em tom cordial e sem interrupções de parte a parte, foi no momento em que foi pedido que fossem apontadas as divergências que a coordenadora do BE abordou dois temas que considerou separarem bloquistas e comunistas: a lei da eutanásia e as questões internacionais, como a guerra na Ucrânia e a natureza de regimes como o da China ou de Angola.

Na resposta, o secretário-geral do PCP considerou que a eutanásia é uma “situação muito complexa” e que, num país com as condições que tem Portugal, “levanta dificuldades e problemas” que podem ter resultados perversos, não dando o tema por encerrado.

Sobre a questão internacional, Paulo Raimundo focou-se na questão da paz e em como as forças que a defendem vão conseguir responder aos constantes apelos à guerra.

Mortágua tinha começado por enfatizar as convergências entre BE e PCP em áreas essenciais como a legislação laboral ou a habitação e até aproveitou esse momento para falar sobre a geringonça e sobre o facto de os partidos terem estado juntos em 2015 na solução de apoio parlamentar ao governo minoritário do PS, que foi estável.

A posição dos dois partidos sobre um eventual novo acordo com o PS também é diferente e isso ficou evidente no debate.

Mortágua reiterou a ideia de que o BE manifestou disponibilidade para um eventual acordo pós-eleitoral para uma maioria de esquerda por uma questão de clareza, transparência e também para mobilização do voto, considerando que o silêncio dos socialistas a este repto “fala apenas sobre o PS”, porque os partidos têm a “responsabilidade de encontrar soluções” tal como no passado.

Já Raimundo considerou que a história do PCP fala por si porque os comunistas nunca faltaram a “nada que fosse positivo” para Portugal, como foi o caso da geringonça, e defendeu que a “única condição de obrigar o PS a vir a soluções positivas para o pais é constituir uma maioria de esquerda no parlamento”, não sendo a forma a prioridade para o partido porque aquilo que interessa é o conteúdo.

[Notícia atualizada às 23h58]

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