Cerca das 8:00 (6:00 em Lisboa), Ursula von der Leyen chegou a Kyiv para a sua oitava deslocação à Ucrânia desde que o país foi invadido pela Rússia há dois anos, rodeada por uma comitiva de funcionários europeus e por uma dezena de jornalistas baseados em Bruxelas, incluindo a agência Lusa.

 

“A minha oitava visita a Kyiv ocorre numa altura crucial. A estação do aquecimento [fria] começa dentro de duas semanas e os ataques implacáveis da Rússia às infraestruturas energéticas civis da Ucrânia têm como objetivo infligir o máximo de danos, [pelo que] ajudaremos a Ucrânia nos seus corajosos esforços para ultrapassar esta situação”, afirmou a líder do executivo comunitário em declarações à Lusa e aos outros meios europeus no local.

A visita surge também a um mês de se assinalarem os mil dias do conflito, causado pela invasão russa em fevereiro de 2022.

“Apresentarei ao Presidente [ucraniano, Volodymyr] Zelensky o plano de preparação para o inverno da Comissão para a Ucrânia — como um apoio suplementar no valor de cerca de 160 milhões de euros que ajudará a cobrir mais de 25% das necessidades de eletricidade do país — e discutiremos também o nosso apoio à corajosa defesa da Ucrânia, para obrigar a Rússia a pagá-la através das receitas geradas pelos seus ativos congelados” na União Europeia (UE), referiu a responsável.

De momento, a Comissão Europeia ultima a sua proposta sobre a parte referente à UE no empréstimo de 45 mil milhões de euros do G7 à Ucrânia.

“Irei discutir o progresso dos trabalhos relativos ao empréstimo do G7 […], o que trará um alívio considerável ao orçamento ucraniano numa altura de necessidade”, salientou Ursula von der Leyen, garantindo que “a UE desempenhará plenamente o seu papel”.

Numa altura em que os 27 Estados-membros têm cerca de 200 mil milhões de euros em bens congelados do banco central russo, devido às sanções impostas pelo bloco à Rússia, Bruxelas quer usar as receitas geradas para cobrir o empréstimo, cujo valor que cabe ao bloco comunitário (entre os parceiros do G7) ainda está por designar.

As verbas destinam-se a apoiar o exército e a economia ucraniana quando o país se defende da Rússia e, de acordo com fontes europeias ouvidas pela Lusa, a ideia seria então recorrer aos lucros extraordinários dos ativos russos imobilizados na UE para o suportar.

Para tal avançar, a UE teria também de rever o seu enquadramento referente às sanções, já que, de momento, tem de renovar as medidas restritivas a cada seis meses e, caso um país não o queira fazer, isso colocaria em causa o apoio financeiro a Kyiv nesta modalidade. A Hungria tem sido bastante crítica do suporte europeu à Ucrânia, por exemplo.

Fontes europeias ligadas ao processo indicaram à Lusa que a instituição está a ultimar a sua proposta nestas duas vertentes, querendo avançar o mais rapidamente possível e discutir o assunto na cimeira europeia de outubro.

Na quinta-feira, a líder do executivo comunitário anunciou um apoio europeu de 160 milhões de euros para apoiar a preparação do inverno na Ucrânia, em abrigos e obras de reparação, sendo que 100 milhões provêm precisamente das receitas dos ativos russos imobilizados na União Europeia.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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