“As palavras do Senhor Jesus Cristo ‘a verdade os fará livres’ têm ressoado com insistência nas nossas mentes e nos nossos corações. Por isso, queremos reiterar o nosso apelo ao CNE para que publique detalhadamente os resultados do processo eleitoral do passado dia 28 de julho, que demonstrou a vontade de mudança do povo venezuelano, de acordo com a Constituição e a lei”, explica a CEV.

 

No comunicado, os bispos venezuelanos frisam que “a apresentação dos resultados é um passo essencial para preservar a confiança dos cidadãos no voto e para recuperar o verdadeiro significado da política”.

“Só assim poderemos avançar juntos para a construção de uma Venezuela democrática e pacífica”, sublinham.

Os bispos dizem ainda condenar de maneira categórica “a repressão das manifestações, as detenções arbitrárias e as violações dos direitos humanos” que ocorreram no país após as eleições, e exigem “a libertação dos detidos, incluindo os menores de idade”.

“Ao contemplarmos a difícil situação que o nosso país está a atravessar, sentimo-nos interpelados pela palavra de Deus que nos convida a escutar o clamor do povo e a consolá-lo. Renovamos o nosso compromisso com todos os nossos irmãos e irmãs que sofrem, para continuar a acompanhá-los através da oração, do acolhimento, da companhia, do intercâmbio e do serviço que prestamos através das diferentes instâncias eclesiais” lê-se no documento.

Por outro lado, a CEV reafirma o compromisso de estar ao seu lado dos irmãos que sofrem nestes momentos difíceis e manifesta a disponibilidade da Igreja para promover iniciativas que contribuam para a resolução pacífica das diferenças.

O documento começa por explicar que entre 15 e 17 de outubro se realizou a 45.ª Assembleia Plenária Extraordinária da CEV “para rezar e refletir sobre a realidade social, política e eclesial do país”.

Os bispos convidam os venezuelanos “a reavivar a esperança” e manifestam ainda apoiar várias iniciativas de oração que estão a ser promovidas desde diversas instâncias, para rezar pela paz e pelo bem-estar da Venezuela.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de mais de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.

Segundo a ONG Fórum Penal (FP), a Venezuela tem 1.916 cidadãos presos por motivos políticos, dos quais 240 são mulheres e 70 são adolescentes com idades compreendidas entre 14 e 17 anos.

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