Mais de 200 alunos de engenharia recorrem a soluções criativas para fazer o carro mais leve e mais rápido.
Realizou-se, esta quarta-feira, no campus de Azurém, da Universidade do Minho, em Guimarães, a “Race Party”, um festival académico de minicarros personalizados. O objetivo é que as máquinas atinjam a melhor performance sem recorrer a motores de propulsão elétrica ou a combustão. O recorde de velocidade, estabelecido em 2018, caiu nesta 9ª edição que reuniu equipas das universidades de Aveiro, Coimbra, Minho, Porto e Lisboa.
Este ano, o evento reuniu 45 equipas de cinco elementos, num total de 225 participantes. Realizaram-se cinco provas: design, que premeia o carro que se destaca pelo ponto de vista estético; velocidade, em que o objetivo é percorrer uma pista de cinco metros no menor tempo possível; distância, em que as equipas devem regular o carro para percorrer uma distância predefinida pela organização e ganha o que mais de aproximar; uma prova surpresa; e uma corrida a dois, tipo dragster.
Na prova de velocidade, a equipa constituída por Joana Cruz, Inês Silva, Manuel Ramos, Carlos Dias e Rodrigo Cruz, com idades entre os 20 e os 21 anos, alunos do 3º ano de Engenharia Mecânica da Universidade do Minho, derrubou um recorde que se mantinha desde 2018. O carro recordista levou 1,609 segundos a percorrer os cinco metros da pista, destronando o tempo de 1,780, na posse de uma equipa de Engenharia de Produto.
Pneus feitos de preservativos
O carro vencedor recorre a soluções de engenharia originais, como pneus feitos a partir de preservativos, “para garantirem aderência, mas serem leves”, e um ponto de fixação da manivela de tração feito com papel higiénico e supercola 3. A propulsão é garantida por uma mola e na afinação desta está uma boa parte do segredo destes carros. Demasiada potência, o carro não terá tração e despista-se, pouca potência, o carro vai muito lento e pode nem chegar ao fim da pista.
“Já me tramaram”, brinca o professor Paulo Flores, “vão-me levar os 500 euros”, diz a propósito do prémio que a equipa recordista acaba de arrebatar. “Lancei este desafio prático, com uma componente teórica relacionada com a unidade curricular de Projeto Integrador em Engenharia Mecânica, para que os alunos pudessem desenvolver algo tangível, com uma componente de competitividade”, afirma.
“Esta iniciativa é comparável a outras que existem nos EUA e permite a estudantes portugueses de Engenharia Mecânica e Engenharia do Produto desenvolverem protótipos físicos e virtuais com várias soluções, adequando a complexidade ao seu grau de conhecimento científico-tecnológico e à sua ligação a uma futura profissão. Na Europa há eventos deste género no Reino Unido, Alemanha ou França, mas sem a dimensão do nosso”, realça o professor. A “Race Party” tem captado o interesse de empresas como a Continental, a ValorPneu e a Porsche.