Pandemia com impacto no Superior: taxa de abandono nas licenciaturas sobe para 10,8%. Em 2020/21, havia 39 licenciaturas com desemprego zero
No ano letivo 2020/21, em plena crise sanitária provocada pela covid, 24,4% dos alunos dos cursos de curta duração (CTeSP) tinham desistido dos seus estudos. Num ano em que diminuiu para 4% o número de recém-diplomados inscritos no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Contam-se 39 cursos sem registo de desempregados e 90 com uma taxa de desemprego igual ou superior a 10%.
Os mais recentes dados do Portal Infocursos hoje divulgados pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior mostram, também, que a taxa de abandono nas licenciaturas aumentou para 10,8%, no valor mais elevado desde, pelo menos, 2014/15. No que aos CTeSP concerne, excetuando 2015/16, com uma taxa de 28,4% – a primeira a ser calculada, porque os cursos arrancaram no ano letivo anterior com apenas 395 inscritos – trata-se do valor mais alto de alunos que, passado um ano de iniciarem o seu curso, já não se encontravam no sistema.
Em comunicado, a tutela reconhece “algumas alterações nos Cursos Técnicos Superiores Profissionais, o que decorre da centralidade que a dimensão presencial e prática assume no processo formativo”, a que a pandemia pôs travão com o ensino à distância. De acordo com o Infocursos, em causa 2280 alunos CTeSP que, após iniciarem o seu curso em 2019/20, no ano seguinte já não se encontravam a estudar, 75% dos quais em instituições públicas. Com o politécnico da Guarda a registar nove cursos no ranking dos dez com maior taxa de abandono.
Menos desemprego
Depois de ter aumentado no primeiro ano letivo, vivido já sob a sombra da covid, a proporção de recém-diplomados no desemprego baixou de 5% para 4%, sendo o peso maior no ensino privado (4,8% contra 4%). No ano letivo em análise, foram 39 os cursos sem desemprego, sete dos quais de Enfermagem e três de Medicina, sendo 11 do privado. São mais seis face a 2019/20, contando-se ainda mais 61 cursos com taxa de desemprego entre 0% e 1%.
Em sentido inverso, contam-se 12 cursos com taxa de desemprego superior a 15% (contra 25 no ano anterior), três dos quais de Turismo e dois na área de Multimédia. Sendo precisamente a licenciatura em Turismo da Universidade Católica Portuguesa aquele a registar a maior taxa: 17,6%. Os dados estão disponíveis para consulta em http://infocursos.pt.
Concluindo a tutela que, “apesar de o ano letivo 2020/21 ter decorrido no contexto de urgência sanitária e social associado à pandemia, identifica-se uma grande estabilidade no ensino superior”.
1.ª opção
Num ano em que disparou o número de candidatos ao Ensino Superior, apenas 38,1% entraram, no público, na 1.ª opção do concurso nacional de acesso, no valor mais baixo desde, pelo menos, 2014/15 e que contrasta com os 43,5% registados em 2018/19. A percentagem de candidatos que entrou na 2.ª opção também baixou, para os 14,6%.
Menos estrangeiros
Devido ao fecho de fronteiras imposto para conter a propagação do SARS-CoV-2, a percentagem de alunos internacionais inscritos em instituições de Ensino Superior caiu para os 10,8%, depois de atingir um máximo de 13,1% em 2019/20.
4022
A versão deste ano do Inforcursos analisa mais de quatro mil cursos ministrados em 279 instituições.
4%
A percentagem de recém-diplomados do ensino público no desemprego baixou de 8,1%, em 2016, para 4%.