O Governo está a dialogar com organizadores de grandes eventos para que possa haver uma “relocalização ou uma reformatação” de modo a que não se desenvolvam em áreas florestais e que cumpram a lei, disse hoje o primeiro-ministro.
Em declarações aos jornalistas em Viseu, António Costa lembrou que “há uma proibição geral de qualquer atividade desenvolvida nas áreas florestais”, devido ao risco de incêndio, e “é necessário reajustar os eventos a esta nova realidade”.
Questionado sobre eventos como os festivais de verão ou a concentração motard de Faro, o chefe do executivo disse que “o ministro da Administração Interna está em contacto com os organizadores desses eventos para assegurar que a parte desses eventos que ocorre em zona florestal” seja mudada para outro local.
“Obviamente, não é possível, nestas condições climáticas, abrir qualquer tipo de exceção”, frisou.
O governante afirmou que este procedimento se aplica também a eventos mais pequenos, como romarias e festas de aldeia, e exemplificou: “eu vivo na freguesia de Benfica, tem uma mata grande. O município de Lisboa, e bem, decidiu encerrar a mata. Tinha-se iniciado na quinta-feira passada uma feira medieval, na sexta-feira estava fechada”.
Segundo António Costa, estas são contingências a que todos estão sujeitos, por não se poder correr o risco de, “por causa dessa atividade e de haver uma maior movimentação de pessoas, aumentar a probabilidade de haver qualquer tipo de descuido”.
“Há uma pessoa que vai a passar, fuma, apaga a beata, a beata fica mal apagada, temos um acidente. Há uma máquina que se liga, tem uma faísca, há um acidente. E depois, a partir daí, temos uma situação de incêndio generalizado”, alertou.
O primeiro-ministro admitiu que, “para muitas pessoas, e sobretudo para setores que durante estes dois anos de pandemia estiveram impedidos de funcionar”, se tratam de medidas duras.
“Mas estas medidas são absolutamente essenciais, são vitais para proteger a segurança dos próprios, a segurança de todos aqueles que frequentam estes espaços e do território em si”, considerou.
António Costa, deslocou-se hoje a Coimbra, à Lousã e a Viseu para verificar no terreno a operação de combate aos fogos e dar visibilidade a todos os recursos e meios implicados.
A agência Lusa questionou a Câmara de Sesimbra, no distrito de Setúbal, sobre a realização do festival Super Rock, na Aldeia do Meco, tendo em conta o estado de contingência em todo o país.
A organização do evento, que se realiza de quinta-feira a sábado, garantiu, entretanto, estar articulada com a Proteção Civil, no atual quadro de “estado de contingência”.
“Estamos a tomar medidas de mitigação exigidas pela proteção civil de Sesimbra“, disse à Lusa o promotor Luís Montez, da Música no Coração, que organiza o festival.
“Está tudo articulado com a proteção civil, bombeiros e segurança privada. Vai haver reforço de bombeiros e segurança para vigiar o campismo”, garantiu, além de “duas viaturas de intervenção rápida” aí estacionadas.
Além da área para os concertos, onde foram colocados quatro palcos, o recinto acolhe também uma zona de campismo para os espectadores e cujo acesso é permitido a partir de quarta-feira, véspera de começo do festival.
Do cartaz desta edição fazem parte nomes como A$AP Rocky, C. Tangana, Foals, DaBaby, Metronomy, Jamie XX, Hot Chip, Capitão Fausto, Capicua, David & Miguel e Conjunto Cuca Monga.
A última vez que o SBSR aconteceu foi em 2019, também naquele recinto, tendo tido duas edições adiadas – em 2020 e 2021 – por causa da pandemia da covid-19.