Funcionários de órgãos autárquicos em Lisboa indignados com “limite de idade”. Estrutura sindical diz que “é para jovens”.
O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) enviou, esta semana, um pré-aviso de greve para dia 28 de março, dirigido a pessoas até aos 35 anos. Vítor Reis, dirigente do STML, explica que “o protesto realiza-se no Dia Nacional da Juventude e, por isso, só estão abrangidos os trabalhadores jovens, até aos 35 anos”.
Raquel Seixas, 36 anos, funcionária da Junta de Santo António, considera que “não faz sentido haver um limite de idades para se participar em greves”.
No documento, entregue pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa, pode ler-se que a estrutura sindical “promove uma greve, abrangendo todos os trabalhadores, com idade até 35 anos, inclusive, do Município de Lisboa (……), incluindo as empresas municipais e todos os trabalhadores das freguesias de Lisboa”.
“Ninguém de fora”
O sindicalista Vítor Reis justifica a existência de uma idade limite para a participação na greve por esta realizar-se no Dia Nacional da Juventude. “Não se destina aos mais velhos, mas não deixamos ninguém de fora. Se tiverem mais de 35 anos podem ir, mas têm de ir por conta deles”, explica ainda.
Filipe Marques, da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), esclarece que o critério “até aos 35 anos” tem a ver com “vários fatores” relacionados com questões dos jovens trabalhadores, como “baixos salários, vínculos precários ou sair mais tarde de casa dos pais”. O sindicalista garante que “os maiores de 35 anos podem participar, mas solidariamente”.
Raquel Seixas, 36 anos, funcionária da Junta de Freguesia de Santo António, conta que, juntamente com outros colegas, ficou “indignada” quando viu o pré-aviso do protesto. “Uma greve até aos 35 anos não faz sentido, estas manifestações deviam ser para todos. Não me considero velha”, conta a jovem que só conseguiu sair de casa dos pais há dois anos e diz que também tem motivos para reivindicar.
“Se tivesse idade participaria, também não estou nada contente com algumas coisas. Chegar ao final do mês e pensarmos que o nosso ordenado é para pagar contas, é triste”, remata Raquel Seixas.