O mau tempo não permitiu a realização de uma procissão com os andores de Nossa Senhora d’Agonia e de São Bartolomeu dos Mártires, mas à hora marcada, a chuva deu uma trégua e as embarcações dos pescadores de Viana do Castelo, puderam sair para fazer a trasladação dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Foram da cidade à margem esquerda (Darque), buscar a cruz peregrina e o ícone mariano, que a corveta Antônio Enes, transportou de Lisboa, depois de vários percalços sofridos antes da saída. Na cerimónia de receção em Viana do Castelo, o comandante da Corveta, contou que a primeira embarcação que transportaria os símbolos avariou e após mudança para a segunda, também esta avariou duas vezes. E a viagem fez-se debaixo de mau tempo.
A chegada a Viana contou com algum alívio e foi vivida com emoção em terra, por centenas de pessoas apinhadas à beira rio para assistir aos barcos passar, a lembrar a tradicional procissão ao mar das festas d’Agonia em agosto. ‘Sempre em frente’, ‘Senhora da Agonia’, ‘Deus quer’, ‘Virgem de Fátima’, ‘Santa Maria das areias’ e ‘Oceano Atlântico’, embarcações de pescadores locais, fizeram a festa e até deram a habitual ‘voltinha’ no rio Lima, sob aplausos da entusiasmada assistência. Terminado o cortejo fluvial, a chuva voltou. E foi realizada uma cerimónia de receção dos símbolos, no Centro Cultural de Viana do Castelo, com a participação de três bispos: das Forças Armadas, Rui Valério, de Viana do Castelo. D. João Lavrador, e Auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar (presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023). Também a sessão decorreu sob emoção, com a presença de algumas centenas de jovens.
D. João Lavrador considerou aquele “um momento único para o nosso país”. “Temos aqui jovens de todo o Mundo, que vem fazer uma experiência que, à partida, sendo à volta do Papa e eclesial, é profunda para construirmos a paz”, considerou, destacando que “não há outro acontecimento que possa marcar mais o ritmo para uma sociedade que ser quer a viver a paz, alicerçada nos valores universais de toda a Humanidade”.
O acolhimento da cruz e do ícone de Nossa Senhora, pelos pescadores, também foi evidenciado por D. João Lavrador, que seguiu numa das embarcações. “Foi fenomenal. Os pescadores são mesmo assim. Começa por um e depois todos querem estar. Eram para ser dois ou três barcos e foram seis, com eles todos contentes, alegres, felizes”, comentou, agradecendo “o gesto e tudo o que estes homens fazem por nós, com a sua fé, audácia e o estimulo que eles dão, de enfrentar o mar todos os dias”. “É motivo também para nós enfrentarmos as contrariedades todos os dias e sabermos construir essa Humanidade nova”, acrescentou.
Na cerimónia que controu com a presença de mulheres trajadas com trajes típicos de Viana do Castelo e da sua Ribeira, o bispo das Forças Armadas, Rui Valério fez “um louvor a Deus pelo momento que está a realizar em Portugal com os jovens” e destacou “a palavra do Papa Francisco, fraternidade” que se aplica ao acontecimento. “”Perante estes símbolos todos nós nos sentimos irmãos”, disse.