Centenas de pessoas participaram esta sexta-feira, ao fim do dia, numa marcha em defesa dos direitos das mulheres, que decorreu entre o Intendente e o Rossio, em Lisboa. No Dia internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, exigiram o fim das desigualdades de género, alertando para temas como a violência doméstica, o direito ao aborto, o assédio, a violência sexual e as diferenças salariais. Além disso, exigiram o fim da aplicação da pena suspensa quando estão em causa agressões graves contra mulheres.
“As penas estão previstas mas não são aplicadas. A sinalização de situações de violência doméstica não é suficiente para resolver o problema”, confessou Alexandra Martins, membro do Movimento Alternativa Socialista, ao JN, que participou na marcha.
“É importante que se venha gritar para a rua para que existam medidas verdadeiras e efetivas que contenham esta violência”, afirmou Leonor Duarte, outra das particiapantes na manifestação.
Carolina Monteiro, estudante de medicina, está preocupada principalmente com o acesso a cuidados de saúde de qualidade. “O acesso ao aborto seguro é necessário para todas as pessoas, independentemente da sua identidade de género ou orientação sexual”, contou ao JN. “Mais do que nunca vemos um mundo que está cada vez mais pautado pelas desigualdades e as mulheres estão sempre na linha da frente”, acrescentou.
Já Eduardo Rodrigues afirmou que a violência contra as mulheres é algo ignorado pelo Estado.
Com uma faixa à frente onde se lia “contra a violência machista”, as muitas centenas de pessoas gritaram palavras de ordem como “mexe com uma, mexe com todas”, “nem uma a menos, vivas nos queremos”, ou “a minha luta e todo o dia, somos mulheres e não mercadoria”.
Os dados mais recentes da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) dão conta da morte de 21 mulheres em contexto de violência doméstica, entre 20 adultas e uma criança, nos primeiros nove meses de 2022, um número muito próximo das 23 assassinadas em 2021.
A contabilização feita pelo Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA), com base em notícias publicadas na comunicação social entre 1 de janeiro e 15 de novembro deste ano, revelou 28 mulheres mortas, 22 das quais no contexto de relações de intimidade, segundo dados preliminares divulgados em 22 de novembro.
A Marcha pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, que assinala em Lisboa o dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, junta-se a outros eventos semelhantes que decorreram esta sexta-feira em cidades como Porto, Braga, Coimbra, Viseu, Viana do Castelo e Vila Real.
A Marcha pelo Fim da Violência contra as Mulheres foi organizada por 21 núcleos e associações feministas, nomeadamente a ILGA Portugal, a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) e o HeForShe ULisboa. Com início no Intendente, passou pelo Martim Moniz, pela Praça da Figueira e acabou no Rossio, onde foi lido o manifesto Mulheres, Vida, Liberdade, subscrito por 34 organizações feministas e mais de uma centena de pessoas a título individual.