Corte de 190 exemplares em Santarém e no Cartaxo foi autorizado pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, que vai fazer fiscalização.
A associação ambientalista Quercus contesta o abate de cerca de 200 sobreiros numa zona de floresta, para a qual está aprovada uma “mega” central fotovoltaica, que abrangerá 518 hectares nos concelhos de Cartaxo e Santarém. O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) informa que autorizou “o corte de 190 sobreiros, todos eles isolados” e promete uma vistoria ao local, para “verificar as condições” em que está a ser executado o abate.
A Declaração de Impacte Ambiental (DIA), emitida em 2021, determina que a implantação do parque “deve respeitar, sempre que possível, a máxima preservação de exemplares da espécie Quercus suber (sobreiro) e outras árvores como o carvalho cerquinho e o pinheiro manso”. No entanto, segundo a Quercus, esta condicionante não foi cumprida, com o corte “ilegal” de alguns sobreiros.
O ICNF esclarece que deu autorização para o abate de 190 árvores e que, “em momento algum, esteve em avaliação o corte de sobreiros em povoamento”. O problema, alega uma fonte da Quercus, é que há exemplares cujo corte “não estava autorizado”, situação que o ICNF promete averiguar.
Mais de 650 mil painéis
O projeto, promovido pela Escalabis Solar, empresa associada da Energi Innovation, que não foi possível contactar, prevê a instalação de mais de 650 mil painéis solares, com uma capacidade de produção instalada estimada em 390 GWh/ano.
De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, abrange “terrenos rústicos” da Quinta do Falcão de Cima, localizada junto da autoestrada A1, na freguesia de Almoster, Cartaxo, mas também em áreas de povoações vizinhas, já em Santarém.
“Onde até recentemente existia um grande eucaliptal”, com alguns povoamentos e exemplares dispersos de sobreiro, “está agora a ser convertido numa nova área industrial forrada a painéis”, denuncia a Quercus.
Em comunicado, a associação contesta a aprovação de projetos desta dimensão, considerando que são “insustentáveis” e que se devia antes apostar em “áreas mais adequadas, como coberturas de edifícios industriais e residenciais”.