No terceiro dia de festa no Queimódromo, em Matosinhos, os problemas vividos no arranque do evento parecem ter ficado para trás. “Pulseiras estão a funcionar bem”, mas a maioria prefere pagar com dinheiro.
Na “Super Bico”, barraca da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), “as pulseiras estavam a funcionar em pleno”.
Quem o disse foi Carolina Proença, estudante da instituição, relembrando os problemas no arranque do evento: “Houve pessoas que tinham as pulseiras carregadas, mas não funcionava”.
Depois das polémicas no primeiro dia, a Federação Académica do Porto anunciou a adoção de um sistema híbrido de pagamento. Os estudantes da “Super Bico” souberam da mudança “ao mesmo tempo que todo o público, pelo Instagram”.
Como não estavam a contar, na segunda noite (primeira com o sistema híbrido) também se viveram alguns dilemas: “Nas primeiras horas, não tínhamos troco para dar às pessoas. Ou nos davam certo ou era por pulseira”, explicou Carolina Proença.
Mas entre vantagens e desvantagens do novo sistema, as vendas nas barracas “estão a fazer-se num 50/50”.
Enquanto há quem pague com dinheiro, também há quem prefira as vantagens do sistema digital. Como é o caso de Raquel Correia. “Acaba por ser mais prático, porque evita que andemos com moedas e notas. Basicamente é só encostar a pulseira e o pagamento está feito”, partilhou a estudante de Línguas e Relações Internacionais.
Para carregar as pulseiras, há duas alternativas: ou dirigir-se aos postos de carregamento automático no recinto, ou através da aplicação da Federação Académica do Porto (FAP).
No entanto, o primeiro é a opção da maioria, uma vez que a aplicação “apresenta alguns erros e às vezes não permite concluir os carregamentos”.
“Está a acontecer o contrário do slogan”
Os dramas do primeiro dia aparentavam estar resolvidos na noite desta segunda-feira, 8 de maio. Contudo, e tal como acontece no sistema de pagamento, as opiniões também se dividem sobre a segurança e organização do evento.
Joana Amarante, estudante de Ciências e Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), esteve entre a multidão que teve problemas a entrar no primeiro dia do evento. “Demorei pelo menos 20 minutos, mas sei de pessoas que demoraram três horas, só para ir buscar a pulseira”, disse a jovem.
Segundo o que a mesma relatou ao JN, o pagamento digital não está a ser eficaz, e “está a acontecer o contrário do slogan apresentado pela FAP de evitar as filas”.
Ainda assim, Joana Amarante acredita que as pulseiras funcionaram em pleno para a entrada: “Para entrar foi muito mais rápido, e concordo que o bilhete devia estar inserido na pulseira. Mas em termos de pagamentos não funciona”.
A situação melhorou, mas ainda há alguns problemas. Ainda de acordo com Francisco Castanheira, as limitações persistem agora no carregamento das pulseiras. “Às vezes demora um ou dois dias para entrar o dinheiro, e não faz sentido nenhum”, referiu.
Mais de meia centena reclamaram no Portal da Queixa
O arranque da Queima das Fitas, no sábado passado, ficou marcado por problemas no acesso ao recinto e no sistema de pagamento por pulseiras.
O dedo foi apontado à FAP através de inúmeras reclamações registadas no Portal da Queixa, após milhares de pessoas terem ficado horas na entrada do recinto, devido a complicações em trocar os bilhetes por pulseiras de acesso.
Em apenas um dia, foram registadas meia centena de reclamações contra a FAP, onde foram descritos cenários caóticos, entre “pessoas esmagadas e a sentirem-se mal” e “com sinais de ataques de pânico”.
“Empurravam tanto que nos sentimos a ficar esmagadas e a correr perigo. Nesta altura, ligamos ao 112, desesperadas a pedir ajuda, que nada fez a não ser dizer para falarmos com os polícias que estavam no local, aos quais não conseguíamos chegar”, pode ler-se numa das reclamações.