A greve dos funcionários públicos não encerrou escolas em Guimarães, mas há professores e funcionários a trabalhar sob protesto.
Na Cidade Berço, a greve convocada pela Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, para esta sexta-feira, não encerrou escolas nem serviços públicos, mas em ambos os casos há adesão à greve, que nalguns serviços chega aos 50%. Nas escolas, há professores a cumprir serviços mínimos, apesar de não terem sido decretados para esta paralisação, com receio de terem faltas injustificadas.
Rodrigo Oliveira é professor de Educação Física, na Escola EB 2,3 Afonso Henriques, em Creixomil, Guimarães e está em protesto desde 9 de dezembro. Juntamente com mais duas dezenas de colegas, diariamente, entre as 8.00 e as 8.17, há porta da escola, pedem aos automobilistas que estão de acordo com a luta dos professores para apitar. São muitos os passantes que aderem. “Hoje estou a cumprir serviços mínimos. Apesar de não terem sido decretados para esta greve a informação não foi clara, as direções continuaram a emitir escalas e a mandar emails aos professores”, queixa-se. Rodrigo tem 36 anos de serviço e está no oitavo escalão (o décimo é o máximo), “nunca chegarei ao topo da carreira”.
Na Escola EB 2,3 João de Meira o professor João Martinho confirma que “há colegas a cumprir serviços mínimos porque foram nomeados”. O professor diz que o STOP emitiu uma informação a esclarecer que não há serviços mínimos decretados para esta greve, “mas mesmo assim houve professores que tiveram medo”. João Martinho e um grupo de colegas que com eles se juntaram à porta do estabelecimento não receiam, estão convencidos que, “se vierem a ser marcadas faltas injustificadas ou levantados processos, os tribunais darão-nos razão.”
Assistentes Operacionais com licenciaturas
Estes professores lembram que o problema nas escolas não envolve apenas a classe docente. “Há assistentes operacionais que trabalham toda a vida pelo salário mínimo”, aponta João Martinho. “Temos, atualmente, funcionários com licenciaturas, alguns que são psicólogos e até professores, mas o Governo insiste em não valorizar estas pessoas”, afirma. “Os professores estão carregados de burocracia, temos, por exemplo, que fazer as matrículas. Isto rouba tempo ao trabalho letivo. Hoje em dia, há funcionários que, com alguma formação, podiam fazer uma série de trabalhos administrativos. Embora também fosse preciso contratar mais assistentes”, diz o professor João Martinho.
Serviços a meio gás
Nos restantes serviços públicos de Guimarães, as portas estão abertas, embora com limitações. Na repartição de Finanças da Avenida Conde Margaride, de 13 funcionários, seis estão em greve. “Embora este serviço tenha um quadro de 38 elementos”, avisa uma funcionária que não quer ser identificada. Nesta repartição a prioridade é para o atendimento a quem se dirige ao balcão, os agendamentos e o serviço de retaguarda fica a aguardar.
Nos Registo, segundo a coordenadora do serviço, Antónia Novais, os serviços relacionados com civil e nacionalidade estão encerrados, “para tratar de cartão de cidadão e passaporte, estamos a assegurar o atendimento de quem vem ao balcão e a adiar o resto do trabalho, temos um de três funcionários a trabalhar.”