Trabalhando numa universidade pública, espero que o próximo ano traga recursos financeiros mais estáveis que permitam um consistente planeamento das atividades científicas e pedagógicas.
É importante fazer avançar a ciência e dotar os projetos de ensino de mais qualidade e isso faz-se com outro investimento. Necessitamos também da abertura de mais lugares em diferentes categorias a fim de possibilitar a alguns de nós o avanço numa carreira de árdua progressão. É igualmente urgente introduzir nos editais dos concursos para professor auxiliar requisitos que permitam um rejuvenescimento do (velho) corpo docente do Ensino Superior.
Outra aspiração para o próximo ano é convencer os meus alunos a ler mais: mais jornais, mais artigos científicos, mais livros. Quando lhes falo do gosto pela leitura, lembro-me com frequência dos direitos inalienáveis dos leitores, fixados por Daniel Pennac: o direito de ler não importa o quê, de ler não importa onde, de saltar de livro em livro… É também assim que leio. Gostando particularmente de ensaios, vou acumulando “Infocracia”, de Byung-Chul Han; “Elogio da palavra”, de Lamberto Maffei; e “Cegueira moral”, de Zygmunt Bauman e Leonidas Donski. No meu iPad, lá vão surgindo versões digitais dos jornais diários e as edições semanais de várias revistas internacionais a cuja leitura me dedico nas primeiras horas da manhã. A partir de janeiro, hei de procurar ganhar mais tempo para esta atividade que tanto prazer me dá.
Ao colocar no centro da minha profissão os média na sua vertente noticiosa, sigo com atenção tudo o que lhes diz respeito. Sem margem financeira que lhes autorize grandes voos, os projetos editoriais de jornalismo não têm, em Portugal, margem para progressões assinaláveis. Acentuadamente, debatem-se com um país (ainda) pouco disponível para pagar pela informação que consome. Por isso, há muito caminho pela frente. Desde logo, urge olhar para o jornalismo como um bem público, imprescindível na vitalidade de qualquer democracia e indispensável na formação de cidadãos comprometidos com as causas comuns.
Paralelamente às rotinas profissionais, nesta altura do ano fazemos sempre as promessas habituais a nós próprios: praticar mais exercício físico, ter mais tempo para a família, guardar mais espaço para o convívio com os amigos. Pela minha parte, na passagem de ano, formulo sempre o mesmo desejo: saúde para mim e para aqueles que me são mais próximos. Tudo o resto se torna fácil. O melhor para todos neste 2023!
*Prof. Associada com Agregação da UMinho