A forma como uma nação encara a formação da juventude determina em larga medida o seu futuro como país. Para além do inverno demográfico que estamos a atravessar, enfrentamos dinâmicas de reconfiguração dos instrumentos e das instituições que conformam a formação da juventude, e que urge compreender e pilotar, para que não se constituam fatores de degradação das bases da nossa sociedade, levando à progressiva extinção do país.
A formação da juventude, feita no contexto das famílias, da sociedade, das escolas e de muitas outras instituições, faz-se não apenas nas aulas e pelo estudo, mas sobretudo pelas vivências concretas de valores, de princípios éticos e de solidariedade, de enraizamento cultural, que vão moldando o caráter e transformando um jovem num adulto.
É neste contexto que se deve entender a relevância das atividades desportivas, do teatro, da música, da história, da literatura, as atividades clubistas, escuteiras, paroquiais e de solidariedade social para a formação cívica de cada jovem.
O espantoso exemplo da luta do povo ucraniano pelo direito a ser nação independente leva-nos a perguntar em que medida, nós portugueses, e em particular os mais jovens, entendemos verdadeiramente o que se está a passar, e o que leva aquela gente a lutar até à morte. Quando o mais fácil era deixarem-se ir na onda e submeterem-se à lei do mais forte!
A nação ou está dentro de cada um de nós, ou não existe! A cidadania nacional não é contra ninguém, mas afirma-se pela positiva, pelos valores da sua cultura, pelas qualidades do seu povo, pela forma como entende que quer ser governado.
O nosso sistema de ensino tem de assumir um papel fulcral na formação cidadã dos jovens portugueses.
E isso é muito para além da disciplina de Cidadania.
É pela forma como a escola proporciona vivências práticas, reforça comportamentos e inibe desvios degradantes, em parceria com os pais, com as autarquias e demais instituições onde os jovens vivem o seu dia a dia, que os jovens são formados e que a nação do futuro acontece.
*Professor catedrático distinto jubilado do IST e fundador e investigador emérito do INESC