Mais de meio milhar de militares das Forças Armadas e agentes das forças de segurança, representados por cinco associações, manifestaram-se este sábado junto à residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, num protesto único por melhorias salariais. Exigem sentar-se à mesa com o Governo, quando se prepara o Orçamento do Estado (à semelhança do que acontece com a concertação social), em vez de serem convidados para reuniões, “quando as verbas do orçamento já estão fechadas”.
“É para gozar connosco, porque, nessa altura, nada há para negociar”, lamentou César Nogueira, da Associação Profissional da Guarda. Os manifestantes pretendiam entregar uma caixa vazia, simbolizando os aumentos salariais de 2%, aplicados a toda a Função Pública, e que são, para as cinco associações, “uma mão cheia de nada e um rol de promessas vazias”. Tocaram três vezes à campainha, mas ninguém atendeu.
Foi “vergonhoso que nem um assessor do primeiro-ministro nos recebesse. Afinal, sabia-se há mais de uma semana que o protesto ia realizar-se e ninguém estava pronto para nós”, criticou António Lima Coelho, da Associação Nacional de Sargentos. A par da caixa vazia, ia ser entregue uma missiva a alertar António Costa para a necessidade de “mudar de rumo nas políticas que continuam a lesar os militares e agentes das forças de segurança”.
“800 euros não servem”
Numa tribuna pública, Paulo Amaral, da Associação de Praças, salientou a necessidade de aumentos salariais efetivos. “Não é com aumentos salariais residuais que podemos alimentar as nossas famílias perante a subida brutal do custo de vida e da inflação. Temos que continuar a lutar, mas sem nunca atravessar linhas vermelhas”. Branco Batista, da Associação de Oficiais das Forças Armadas, apelou a realização de mais iniciativas. “A luta vai continuar”.
Para César Nogueira, os baixos salários são a razão dos jovens não quererem entrar na profissão: “800 euros não servem”. Paulo Santos, da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, afirmou que “o Governo tem todas as condições para uma efetiva mudança”.