“Ponte Vasco da Gama festejada a feijões por 16 mil pessoas”, noticiava o jornal de Notícias na edição de 23 de março de 1998. Uma semana depois, a 29 de março, era inaugurada com pompa e circunstância, a nova ponte sobre o rio Tejo, unindo Lisboa ao Montijo.
A festa da inauguração durou vários dias e começou com a feijoada e terminou a abertura do tabuleiro da ponte. A construção iniciou-se em fevereiro de 1995 e terminou três anos depois. Na cerimónia da inauguração estiveram Jorge Sampaio, o presidente da República e o primeiro-ministro António Guterres. Estava também prevista a presença do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, o que não chegou a acontecer devido ao seu falecimento cinco dias antes. A bênção católica foi dada pelo padre Vítor Melícias.
Inaugurada dois meses antes da Expo 98, a ponte conhecida como “a segunda travessia do Tejo”, custou 897 milhões de euros. O JN explicou de onde veio o dinheiro: 319 milhões vieram do Fundo de Coesão da União Europeia, 299 milhões foram emprestados pelo Banco Europeu de Investimentos e as portagens cobradas na Ponte 25 de Abril contribuíram com 50 milhões. “O Tejo já não separa Lisboa do Montijo”, titulou o jornal.
Com 17,1 km de comprimento, da abertura da mais longa ponte da União Europeia o principal registo parece ser mesmo o da megafeijoada patrocinada por uma marca de detergente para a loiça. “Verão prematuro juntou-se à memorável reunião pantagruélica que assinalou a pré-inauguração da maior travessia da Europa”, noticiava o JN na página em que publicou várias fotografias de pessoas sorridentes a comer e a beber em mesas postas ao longo de cinco quilómetros no tabuleiro da ponte. Os comensais foram transportados de autocarro até ao seu lugar e a feijoada teve direito a inscrição no Guinness World Records.
A escolha do nome para a mega construção não foi deixada ao acaso. A intenção era de prestar uma homenagem a Vasco da Gama, o navegador que, 500 anos antes, descobriu o caminho marítimo para a Índia.
Nos planos da ponte estimava-se que, o valor de carros a circular diariamente em 2012, devia ser de 132 mil. Em 1998, o custo da portagem para os automóveis ligeiros, classe 1, era de 320 escudos (1,58 euros).
Com várias críticas dos ambientalistas, o projeto implicou a elaboração de um estudo de impacte ambiental tendo em atenção que a obra se iniciou em zona de habitações degradadas, atravessou o rio em local adjacente a áreas protegidas e na margem sul percorreu salinas e áreas agrícolas.