“Desiludida”. Foi assim que a Póvoa de Varzim veio da primeira reunião da Comissão de Acompanhamento do aterro da Resulima, em Paradela, Barcelos. O presidente da Câmara, Aires Pereira, explica que não haverá solução para os maus cheiros até ao final do ano e a unidade de tratamento de lixos continua a “empurrar o problema com a barriga”.
“Ainda não conseguiram resolver os problemas que afetam a Resulima, nomeadamente, a questão dos cheiros. Foram apresentadas algumas soluções, mas nenhuma delas irá cumprir aquilo que foi a determinação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) que teriam que estar prontas até ao final de 2023”, afirmou o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim.
Aires Pereira mostrou-se ainda indignado com o estudo apresentado pela Universidade de Aveiro: “Nós apresentamos uma planta com as reclamações dos cidadãos da área envolvente e é uma área muito mais abrangente do que aquela que querem fazer crer, ou seja, as necessidades de correção são muito superiores”.
É à Resulima que cabe apresentar uma solução para o problema mas, alerta o autarca, as entidades que supervisionam o equipamento – CCDR-N e Agência Portuguesa do Ambiente (APA) – “têm a obrigação de exigir”.
“Temos que continuar a pressionar e a sensibilizar as entidades para a necessidade de uma intervenção urgente, porque do explorador não se tem muita colaboração”, frisa ainda, lamentando que, nesta primeira reunião, já tenha ficado claro que o prazo fixado pela CCDR-N “não vai ser cumprido”.
“Pivete” diário
A nova unidade da Resulima está situada em Barcelos, mesmo ao lado das freguesias poveiras de Laundos e S. Pedro de Rates. Custou 28 milhões de euros, dos quais 19,8 milhões de fundos comunitários e trata os lixos dos concelhos de Esposende, Barcelos, Ponte de Lima, Ponte da Barca, Viana do Castelo e Arcos de Valdevez.
Abriu portas em janeiro de 2022 e as queixas de mau cheiro começaram logo a seguir. O “pivete”, dizem os moradores, é diário e sente-se a vários quilómetros de distância.
Já houve vistorias e recomendações da CCDR-N e da APA, mas o facto é que o problema persiste. A câmara apresentou uma queixa em tribunal. A Junta de Laundos levou o caso à Comissão Europeia. Perante o coro de protestos, que em fevereiro juntou, à porta do aterro, moradores de dez freguesias dos concelhos da Póvoa, Esposende e Barcelos, foi criada uma Comissão de Acompanhamento, mas em termos práticos, lamenta Aires Pereira, pouco ou nada mudou.