O funeral de Jéssica Biscaia, a menina de três anos que morreu em Setúbal, foi marcado por tumultos esta manhã. A mãe da criança foi insultada e a avó materna sentiu-se mal na saída da capela, antes de se dirigir ao cemitério de Algeruz.
Recorde-se que, no velório de Jéssica, que decorreu à porta fechava na tarde de quinta-feira na capela da Igreja da Anunciada, junto à Avenida Luísa Todi, também houve confusão. Uma familiar de Jéssica ter-se-á sentido mal, o que motivou a presença dos bombeiros logo no início das cerimónias fúnebres. A avó paterna de Jéssica saiu a braços na companhia do seu filho, pai biológico da menina, a gritar “assassina”. No exterior, juntaram-se dezenas de pessoas.
Morta após ser raptada e espancada
A menina de três anos terá sido raptada e espancada e não resistiu aos ferimentos, morrendo em casa, em Setúbal, na segunda-feira, para onde foi levada pela mãe depois de seis dias em cativeiro na casa dos suspeitos. A mãe de Jéssica devia 400 euros aos suspeitos do crime e terá sido para forçar a mulher a pagar esta dívida que os três detidos – a mulher que lhe emprestou o dinheiro, a filha e o genro – raptaram a criança. Foi-lhe dado um prazo até ao dia 7 de julho para arranjar o dinheiro e só então lhe devolveriam Jessica.
A mãe, Inês, foi buscar Jéssica na segunda-feira e encontrou-a moribunda. Levou-a para casa e contou ao companheiro que a menina tinha caído na colónia de férias e que estava sonolenta porque o psicólogo da colónia lhe receitou Atarax, um calmante. Não a quis levar para o hospital porque, alegou, teve medo que os ratores descobrissem o seu paradeiro. A mentira foi desvendada mais tarde, quando Jéssica morreu e Inês contou aos inspetores da PJ de Setúbal onde a menina estivera, não numa colónia de férias, mas numa casa sem condições e submetida a agressões constantes.
Na quarta-feira, a PJ deteve os três suspeitos: uma mulher de 52 anos, o seu companheiro, de 58, e a filha dela, de 27. Estão indiciados por homicídio qualificado, ofensas corporais agravadas, rapto e extorsão. A mãe foi interrogada, tal como o seu companheiro, mas não chegaram a ser constituídos arguidos. Os três suspeitos vão ser presenres a primeiro interrogatório esta sexta-feira no Tribuna Judicial de Setúbal.