Três empresas querem argila e caulino de Requeixo, Fátima, Nariz, Eixo e Eirol. Infraestruturas de Portugal diz que pode afetar linha de Alta Velocidade. Câmara também está contra.
A Infraestruturas de Portugal (IP) deu parecer desfavorável à intenção de prospeção mineira em Aveiro, pedida por três empresas, devido à zona afetada poder estar na zona da futura linha ferroviária de alta velocidade, segundo um parecer público, datado de 1 de setembro de 2022, consultado pela Lusa.
Em causa está o pedido das empresas Motamineral — Minerais industriais, S.A., Braga & Fernandes Lda. e Sorgila – Sociedade de Argilas, S.A, que deu origem a uma proposta de procedimento concursal, levada a cabo pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), para atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais de areias siliciosas, argilas especiais e caulino na área designada por Aveiro Sudeste, na União de Freguesias (UF) de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz e na UF de Eixo e Eirol.
Segundo os documentos, no total está em causa uma área de 212,31 hectares adjacente à Autoestrada 1 (A1), dividida em dois blocos.
“Os terrenos poderão colidir parcialmente com o traçado em estudo para o troço correspondente à Fase 1 – Troço Porto/Soure”, da linha de alta velocidade, refere a IP.
A IP assinalou ainda que os terrenos estão parcialmente “dentro da zona de servidão” do Eixo Rodoviário Aveiro/Águeda, já adjudicado no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Também não vinculativa é a posição da Câmara de Aveiro, que também deu parecer desfavorável, argumentando que a área sugerida para a exploração mineira “é a única mancha florestal do concelho com expressão territorial capaz de criação de sinergias para a prossecução do objetivo de valorização ambiental do território”.
“Para além da qualidade do ar, suscita especial preocupação o potencial de risco sobre os recursos hídricos”, e quanto ao ruído também “representa uma situação de incomodidade” para os habitantes da zona.
Assim, apesar de para já existir apenas a intenção de prospeção, uma eventual exploração “acarretará elevados impactes sobre a qualidade da vida das populações e de riscos ambientais para a região”, refere a autarquia.
A carta enviada à DGEG pela autarquia, assinada pelo presidente, Ribau Esteves segue a linha manifestada em 2019, em que o autarca já se tinha manifestado contra a potencial prospeção mineira nos terrenos em Eirol, garantido a oposição formal e informal do município.