A Iniciativa Liberal anunciou, esta quinta-feira de manhã, que decidiu apresentar uma moção de censura ao Governo.
“Este estado de coisas não pode continuar e este Governo não pode continuar. Por isso, anuncio que a Iniciativa Liberal vai apresentar moção de censura ao Governo”, anunciou João Cotrim de Figueiredo, esta quinta-feira, na Assembleia da República, horas depois de Pedro Nuno Santos ter pedido a demissão, já aceite pelo primeiro-ministro.
O líder da IL defendeu que “quem não acompanhar a IL na aprovação desta moção de censura será conivente, será cúmplice com o estado em que o país crescentemente vai ser conduzido por este Governo, que está em absoluta desagregação”. Elencando os motivos que levaram à apresentação da moção de censura, o deputado salientou que, em nove meses de Governo, “houve 11 demissões, inúmeros casos e serviços públicos em autêntico colapso”, como na saúde e na educação, assistindo-se a um “sistema de Segurança Social que não tem sustentabilidade garantida, com emigração de jovens em massa, com uma economia a não crescer aquilo que podia”.
“É um Governo que, nestes nove meses, mostrou uma arrogância crescente, de uma maioria absoluta que se acha dona do poder absoluto, e também de um clima generalizado de incompetência e de irresponsabilidade no país”, acusou.
Abordando o caso de Pedro Nuno Santos, o líder da IL insistiu na ideia de que “o primeiro-ministro preferiu montar um Governo para não ter problemas de sucessão no partido”, mas, com a saída do ministro das Infraestruturas e da Habitação, “vai acabar por tê-los”.
“O facto de o ministro Pedro Nuno Santos não ter saído em junho, na altura da polémica do aeroporto, é significativo, porque ficou no Governo ainda hoje ninguém sabe porquê. Acaba por sair nesta situação. Portanto, vai gerar instabilidade dentro do PS e, por inerência, ainda mais instabilidade dentro deste Governo”, previu.
Apesar de reconhecer que, à partida, a moção de censura da IL “tem mais hipótese de não passar do que de passar”, porque o PS tem a maioria absoluta, Cotrim de Figueiredo disse contudo acreditar que “há suficiente sentido de responsabilidade e sentido crítico, mesmo dentro do PS” para que a iniciativa possa ser aprovada.
“As vozes críticas do PS, dentro do próprio PS, têm-se multiplicado, e eu espero que haja pelo menos meia dúzia de deputados do PS que reconheçam isto aqui no parlamento”, disse.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação demissionário, responsável pela pasta da TAP, justificou a saída com a “perceção pública e sentimento coletivo” gerados pela indemnização de 500 mil euros paga pela empresa portuguesa à ex-secretária de Estado Alexandra Reis, entretanto também afastada do cargo. Pedro Nuno Santos explicou, em comunicado divulgado ao início da madrugada desta quinta-feira, que decidiu “assumir a responsabilidade política” do caso.
Hugo Mendes, até agora secretário de Estado das Infraestruturas, e que diz não ter visto “incompatibilidades” no acordo com a antiga governante, também sai.