A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) considerou um “retrocesso absoluto e inaceitável” uma proposta apresentada pelo Governo que “deixa em aberto” um aumento de cinco anos na idade para os médicos deixaram de fazer trabalho noturno e urgências.
“Os médicos estão esgotados e isto é inaceitável. É absolutamente inaceitável. Estão-nos a apresentar, no fundo, quase como uma moeda de troca, perda de direitos”, disse à agência Lusa a presidente da Comissão Executiva da FNAM, Joana Bordalo e Sá, no final de mais uma reunião negocial com o Ministério da Saúde.
A dirigente sindical disse que foi “uma reunião extremamente longa”, mas não chegaram aos objetivos pretendidos e a greve vai ser mantida.
“Estamos numa negociação séria e, portanto, nós vamos manter o pré-aviso de greve, vamos manter a greve nos dias 8 e 9 de março e é uma greve para todos os médicos de qualquer setor”, declarou Joana Bordalo e Sá.
Na reunião “não se falou de todo de grelhas salariais que é o tema mais importante neste momento em cima da mesa para conseguimos prevenir a saída de médicos do Serviço Nacional de Saúde”, adiantou.
Segundo a líder sindical houve “pequeninos avanços” na questão das normas particulares de organização e disciplina do trabalho médico, que tem estado em discussão desde novembro, “mas mesmo assim ainda não foram fechadas”.
Mas, salientou, “o pior de tudo” foi o Ministério da Saúde ter apresentado uma proposta que já tinha apresentado em novembro e que o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que tinha estado nessa reunião, tinha retirado da mesa, “ou pelo menos foi isso que nos fez perceber”.
“Essa proposta volta a aparecer com uma redação de possível perda de direitos, ou seja, deixa em aberto que os médicos de família podem deixar de ter limite para o número de utentes ou ter um limite diferente ou maior do que o que é agora, que é imenso”, criticou Joana Bordalo e Sá.
Relativamente à questão das urgências, a dirigente sindical adiantou que a proposta deixa em aberto que “um médico pode deixar de fazer urgência, em vez de ser aos 55 anos, passar a ser aos 60 anos, e deixar de fazer trabalho noturno, em vez de ser aos 50 anos, passar a ser aos 55 anos”.
Para a presidente da FNAM, trata-se de “um retrocesso absoluto, inaceitável e inadmissível”.
Em comunicado, “o Ministério da Saúde esclarece que na reunião de hoje com as estruturas sindicais representativas dos médicos não foram discutidos temas como o aumento da idade para trabalho médico nos Serviços de Urgência e o aumento da lista de utentes dos médicos de família, matérias que não estão em causa neste processo negocial”.