Um estudo da Organização Mundial de Saúde destacou que, em Portugal, cerca de 30% dos alunos que frequentam o 6.º, 8.º e 10.º anos “não gostam da escola”. Porquê? Porque não apreciam as aulas, acham as matérias demasiado grandes, difíceis e aborrecidas, a par do stress das avaliações e dos trabalhos de casa.
É então apontada a necessidade de se rever o funcionamento da escola que se terá mantido estruturalmente inalterada.
Sem prejuízo de se valorizarem os resultados obtidos e algumas das conclusões adiantadas, o seu impacto terá contudo de ser equacionado no âmbito da complexidade dos fenómenos que lhes subjazem.
Assim:
Se 30% não gostam da escola, temos igualmente de considerar que cerca de 70% dos alunos, constituindo estes uma larga maioria, gostam da escola. Convirá pois, de igual modo, apurar as razões desta reação positiva, que poderão nem ser simplesmente inversas das apontadas para o universo dos descontentes, nem ser homogéneas para todos, independentemente da sua opção final.
O tamanho das matérias pode surgir como um desafio, a sua dificuldade tornar-se uma motivação e o stress um estímulo. Para um atleta, estes constrangimentos suscitam a sua atividade visando o sucesso. E a vida profissional e pessoal não implica os mesmos condicionamentos? Mesmo recusando uma conceção agónica da educação, será importante apurar se “não gostar da escola” representa recusar tudo o que nela se aprende ou se faz, desprezando-se inclusive a graduação dessa insatisfação e o que se reporta à família.
Comparando-se com outros países, não se pode escamotear a importância de eventuais patamares mais elevados de literacia e dos inerentes enquadramentos familiares propiciadores de aquisições conceptuais e linguísticas e de condutas facilitadoras da integração escolar.
A nossa escola tem de ser atuante, reforçando a sua vocação comunitária, mas compreendendo-se que não tem a possibilidade de, apenas com a sua intervenção, colmatar hiatos e lacunas socialmente prevalecentes.
As crianças e os adolescentes gostarão do que se lhes afigure com sentido, mesmo que seja difícil, extenso e stressante, como tantas vezes acontece com os jogos e outros divertimentos que lhes dão felicidade.
Tal não é apenas, isso sim, da responsabilidade da escola ainda que estruturalmente renovada…
*ISCET-Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo/Obs. da Solidão