Projeto reuniu entidades para analisar impacto económico, social e ambiental e propõe medidas.
Um projeto liderado pela Universidade de Aveiro UA) analisou o problema da erosão costeira no município de Ovar até 2100, perspetivando o impacto a nível económico, social e ambiental e propondo medidas de adaptação.
“Até 2100 há muitas incertezas, mas tentamos definir caminhos de adaptação e pontos de viragem”, explicou Carlos Coelho, professor da UA que coordenou a investigação, após o seminário final do projeto Adaptação Integrada às Alterações Climáticas para Comunidades Resilientes (INCCA), que decorreu ontem, sexta-feira, em Cortegaça.
A ideia é “proteger as frentes urbanas construídas” numa fase inicial. Para a praia de Esmoriz, que ” ainda está robusta”, propõe-se como ponto de viragem a perda de “10% do areal”, altura em deverá começar a reposição de areias. No Furadouro deve-se “manter o areal na frente urbana e reduzir os galgamentos”, reconfigurando o esporão em “T”. Em Maceda admite-se o recuo de costa mas, “quando estivermos a 25 metros da estrada da Mata, tem que se intervir”.
Mais adiante, “lá para 2050, 2070, se se verificar que [impedir o avanço do mar] é insustentável, a relocalização é apontada com um caminho”, acrescenta Carlos Coelho.
O INCCA envolveu representantes do poder central e local, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, da Agência Portuguesa do Ambiente, de uma escola de surf e ONG, entre outros elementos da comunidade. A intenção é que o plano que desenharam seja aproveitado pelos decisores e monitorizado por uma comissão, que ajustará os caminhos a seguir tendo em conta a evolução da erosão e os 35 cenários de custo/benefício projetados.
O presidente da Câmara, Salvador Malheiro, reconhece a importância do projeto, mas lembra que a “erosão costeira em Ovar é um problema grave” e diz que “o que é preciso neste momento é a concretização de obra”. O edil quer que os quebra-mar destacados das praias do Furadouro e Cortegaça “saiam do papel e vão para o terreno”. Diz ter a indicação do ministério do Ambiente que as obras arrancam “no outono deste ano”.