Está lançado o concurso para a construção da Linha Rubi do metro do Porto. O traçado, entre a Casa da Música, e Santo Ovídio, em Gaia, custa 435 milhões de euros e inclui uma nova travessia sobre o Douro. As propostas têm de ser apresentadas até 17 de julho e a Metro prevê começar a obra no início de novembro para que esteja pronta em 2026.
Ao fundo, a emblemática Ponte da Arrábida. Sente-se uma leve nortada na Alfândega do Porto, com quase tanta intensidade quanto a necessária para fazer os testes à construção de uma nova travessia. Entre os presidentes de Câmara do Porto e de Gaia, Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, a extensa equipa da Metro e o presidente do Conselho de Administração, Tiago Braga, os convidados estão prontos para assistir à cerimónia de lançamento do concurso para a construção da Linha Rubi. E como essa é a cor do vinho típico da região, no fim espera-os um Porto de Honra.
A empreitada arranca no início de novembro, custa 435 milhões de euros (mais 135 milhões de euros do que o inicialmente previsto) e estará em operação em 2026. O financiamento está assegurado, garante o ministro do Ambiente, tendo sido já aprovado em Conselho de Ministros. “É mais do que evidente para nós que os aumentos de custos são muito superados pelas vantagens. Estamos a falar, só nesta Linha Rubi, de quase 12 milhões de passageiros e da possibilidade de remoção de cerca de 12 mil toneladas de CO2 equivalente”, observa Duarte Cordeiro.
Esta é, de igual modo, para o presidente da Câmara de Gaia e do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, “uma das mais estruturantes obras de mobilidade urbana da região”. O traçado de metro ligará, pela segunda vez, as cidades do Porto e Gaia, mas “não é um investimento isolado”, nota o autarca, e ninguém se esqueceu dos compromissos assumidos em 2020 na altura da assinatura de um protocolo na Câmara de Gondomar para a expansão da rede nos outros concelhos da Área Metropolitana do Porto (AMP). Essa promessa também foi reforçada por Tiago Braga.
Moreira “sensível a críticas”
Feito o reconhecimento da importância da travessia, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, recorda as preocupações de moradores e da própria Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) quanto à sua localização. “Sou muito sensível a essa crítica e simpatizo naturalmente com pessoas que tinham uma determinada vista e de repente têm uma ponte ao lado de casa. Temos que compreender isso”, reconhece o autarca.
Moreira passou a memória pelos tempos de infância quando, na altura, só o projeto de construção da Ponte da Arrábida parecia prever uma tragédia. Certo é que pertence hoje à paisagem do Porto como se com ela tivesse nascido e é esse mesmo efeito que o presidente da Câmara do Porto deseja para quando esta nova travessia estiver pronta.
Ainda assim, reconhece: “Se me perguntar se eu preferia não ter ponte e conseguir que as pessoas se evaporassem de uma forma qualquer entre um lado e o outro, com certeza que sim. Não é possível”.
Uma das vozes mais críticas à localização da ponte foi, precisamente, a FAUP, uma vez que a travessia deita por terra o projeto de expansão previsto. Por isso mesmo, o presidente do Conselho de Administração da Metro salienta que, por cima da futura estação do Campo Alegre, no Porto, “vai nascer um edifício para a Universidade do Porto”. O objetivo é “criar um polo de interligação entre a Faculdade de Letras, de Ciências e de Arquitetura”, com um parque de estacionamento contíguo.
Metro na Linha Rubi terá frequência de três minutos
No dia em que arrancarem os trabalhos, e dada a “janela temporal bastante exigente”, será aberto “um conjunto muito alargado” de frentes de obra. “Sabemos, seguramente, que os concorrentes terão que apresentar planos de trabalho com duas frentes de obra relativamente à ponte, uma em Santo Ovídio, outra nas Devesas”, e outras tantas, nota Tiago Braga. Quanto às expropriações necessárias para a construção do traçado em Santo Ovídio, “há acordo com todos os proprietários”.
Ainda antes de toda a empreitada arrancar, o terreno onde está instalada a bomba de combustível da Repsol, na Rua do Ouro, no Porto, terá de ficar disponível para receber um dos pilares da ponte. Sobre isso, o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto diz que decorre um processo de negociação sobre de quem será a responsabilidade de descontaminar o terreno.
Tiago Braga descreve a obra como “um anel entre a Linha Rubi, a Linha Amarela e a Linha Rosa”. Ou seja, vão passar mais veículos nestas três linhas num espaço de tempo mais curto.
Mas no que diz respeito, em particular, à Linha Rubi, prevê-se uma frequência de 18 veículos por hora e por sentido, em hora de ponta. Isto significa que as composições passarão nas estações de três em três minutos. Para que isso aconteça, a frota vai ter de crescer e será lançado mais um procedimento até ao final do ano para compra de mais 22 composições “com uma opção de mais 10 unidades”.
Quanto aos veículos novos da CRRC, cujos ensaios ainda decorrem, o primeiro começará a operar na rede a partir da primeira quinzena de julho.