O líder do PSD, que se encontrava no estrangeiro, “antecipou o regresso a Portugal” para se reunir com o seu “núcleo duro”. Luís Montenegro convocou uma Comissão Permanente para segunda-feira. Em cima da mesa a crise no Governo de maioria absoluta.
Na ordem de trabalhos da Comissão Permanente do PSD, que só se deveria reunir a 9 de janeiro, consta apenas “a análise da situação política”. Mas, é incontornável que em cima da mesa esteja a crise no Governo, o debate parlamentar de quarta-feira com o primeiro-ministro, solicitado pelo partido, além da moção de censura já anunciada pela Iniciativa Liberal.
Foi em comunicado que o PSD anunciou a convocação da Comissão Permanente para esta segunda-feira e que Luís Montenegro “antecipou”, para tal, “o regresso a Portugal”. Recorde-se que o vice-presidente dos sociais-democratas, Paulo Rangel, tinha informado que o líder do partido se encontrava no estrangeiro “por motivos familiares”. Razão pela qual as reações do partido às demissões no Governo tenham estado a cargo do próprio Rangel e do outro vice-presidente Miguel Pinto Luz.
“O Presidente do PSD, Luís Montenegro, que se encontra fora do país, antecipou o seu regresso a Portugal por forma a reunir a Comissão Permanente Nacional do PSD na próxima segunda-feira, dia 2 de janeiro, na sede nacional do partido”, lê-se num comunicado.
Com três saídas do Governo em três dias, os sociais-democratas antecipam, assim, o regresso das férias de final do ano, sendo de esperar que a crise no Executivo de maioria absoluta do PS seja precisamente o tema central em cima da mesa da reunião do “núcleo duro” de Montenegro, que ainda não tem hora marcada.
Os sociais-democratas têm ainda que afinar a estratégia do partido para o debate parlamentar de quarta-feira com o primeiro-ministro. Um debate de urgência com António Costa, solicitado pelo PSD, precisamente devido à mais recente demissão, a do ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos.
Paulo Rangel já antecipou que o PSD pretende que António Costa “dê uma explicação cabal” na Assembleia da Republica sobre o que o partido considera ser uma “epidemia de crises políticas” no Governo socialista, com 11 demissões em sete a nove meses.
Mas os sociais-democratas têm ainda que definir a sua posição face à moção de censura ao Governo, anunciada pela Iniciativa Liberal. Recorde-se que, em junho passado, o PSD absteve-se em relação à moção de censura subscrita pelo Chega, defendendo que a crise na saúde não era motivo suficiente para se censurar o Executivo de António Costa.