A pior fase da intempérie – aquela que arrasta jogadores entre o 11, o banco e a bancada – parece ter passado. Se os despojos da tempestade tiverem sido as inusitadas derrotas em Vila do Conde e, em casa, frente ao Brugge, terá sido uma febre de ajuste ao crescimento. A equipa parece ter estabilizado e as opções acabaram por ser tomadas. Mesmo o empate no Estoril, aparecendo em péssima altura, já dava indicações de retoma. A vitória concludente frente ao Braga e a estreia a vencer na Liga dos Campeões, contra o Leverkusen, ambas importantíssimas, colocaram o F. C. Porto num novo patamar de confiança, alicerçado num 4x4x2 que se transforma, consoante os momentos, desdobrando-se (com ou sem losango) em soluções que trazem diversidade e aquele carácter imprevisível que as equipas muito estudadas devem ter. O regresso do maestro Otávio ao campo e à boa forma é, também ele, um tipificador de competitividade e da pressão sobre o portador que, durante algumas semanas, se ausentou do carácter da equipa.
A lançar cartas para um calendário competitivo cerradíssimo, o jogo de amanhã em Leverkusen reforça ou encerra a candidatura à passagem aos oitavos de final da Champions. O F. C. Porto que se viu frente aos alemães, na segunda parte no Dragão, é capaz de amargar a estreia europeia do novo treinador adversário. O F. C. Porto, que foi sólido e capaz em Portimão, também se baterá pela vitória na Alemanha. Qualquer dúvida que a equipa alimente terá, a partir de agora, de ser dissipada em campo. Não haverá tempo para treinar dias a fio antes de cada jogo. Não haverá margem de erro depois dos pontos já perdidos. Jogar com o tempo é perceber o contexto. Neste F. C. Porto que agora renasce em Outubro, já não pode haver atrasos.
POSITIVO: Primeiro, a combinação Otávio/Evanilson no golo inaugural. Depois, Taremi insiste, ganha e temporiza para Pepê que decide num golo a jeito e esquadro, gesto técnico capaz de colocar a bola na “prateleira” que deseja, subtil e em arco, golpe frio em sangue tropical. Depois da enorme jogada no golo de Zaidu frente ao Leverkusen, mais duas finalizações de excelência.
NEGATIVO: A lesão de Pepe afasta a referência da defesa e empurra para campo uma dupla que terá de crescer em competição. David Carmo e Fábio Cardoso têm a hipótese de provar porque mereceram entrar no lote de centrais de uma equipa que, historicamente, sempre fez desta posição um referencial.
o autor escreve segundo a antiga ortografia
*Adepto do F. C. Porto